Não é uma vaca leiteira, mas para quem queria novas alternativas no setor de petróleo e gás, começa a surgir uma empresa com boas expectativas e que paga dividendos. É a PetroRecôncavo (RECV3). A empresa chamou a atenção do mercado recentemente ao anunciar o pagamento de juros sobre capital próprio (JCP) de R$ 1,40 por ação, equivalente a um dividend yield (retorno em dividendos) de 7%. A data de corte para garantir esse provento gordo encerrou na quarta-feira (5). Diferenças entre PetroRecôncavo e PetrobrasUma das principais diferenças entre as companhias é o formato de trabalho. Atualmente, a Petrorecôncavo trabalha onshore - ou seja na terra, em terminais de petróleo e gás - Já a Petrobras trabalha majoritariamente offshore - em plataformas de petróleo e gás no mar - e principalmente no pré-sal, diz Renato Reis, analista da Blue3 Research. Os modelos de negócio também possuem diferenças. Vitor Sousa, analista do setor de petróleo da Genial, destaca que a Petrorecôncavo extrai e produz petróleo e gás de campos maduros, enquanto a Petrobras explora e desenvolve campos novos desde o princípio. "A vantagem da PetroRecôncavo é que ela não corre o risco da exploração em comparação à Petrobras", avalia. A Petrobras trabalha ainda com refino, transporte e comercialização, áreas nas quais a PetroRecôncavo não atua. Em contrapartida, esta última tem maior participação no segmento de gás do que a Petrobras. Qual a situação da PetroRecôncavo hoje?Ela está menos endividada e gerando mais caixa. "Com todos os projetos instalados, a companhia vai capturar essa geração de caixa com uma boa gestão, vai reduzir a sua dívida e o excedente será destinado para dividendos", afirma Hugo Queiroz, da L4 Capital. "Não descartamos alguns gargalos operacionais que podem limitar um crescimento mais rápido da produção nos campos da RECV3 em breve, mas acreditamos que os investidores têm uma visão favorável em relação aos pagamentos mais altos", destacam os analistas do BTG. Ela vai pagar sempre?Para alguns analistas, a distribuição de R$ 1,40 é o pontapé inicial para novos pagamentos elevados. Quaresma, da Empiricus Research, considera que o provento anunciado não foi pontual. Para ela, o pagamento comprova que a empresa está mais robusta e que pode gerar mais caixa, deixando a fase de crescimento e se tornando uma empresa de valor. Os analistas do Itaú BBA acreditam que a PetroRecôncavo reforçou o seu compromisso com a remuneração dos acionistas no curto prazo. "Isso reforça a estratégia da companhia de ótima alocação de capital enquanto busca novas oportunidades de investimento", avaliam os analistas Monique Greco, Eric de Mello e Bruna Amorim. Há também os analistas que acreditam que o pagamento de R$ 1,40 foi não recorrente. O pagamento mais frequente deve mudar só nos próximos anos. Vitor Sousa, da Genial, espera que a partir de 2025 a PetroRecôncavo tenha aumentado a sua produção e tenha uma queda nos investimentos, o que deve favorecer a geração de caixa e a distribuição de proventos. "Acreditamos que existe margem para pagamento de dividendos mais robustos a partir de 2025, caso a mesma consiga expandir a produção", aponta. Entre os riscos, Reis destaca que só pagar dividendos não seria bom no longo prazo para os acionistas. "Ela conseguiria gerar mais valor investindo e não apenas pagando proventos", pontua. Para ele, seria muito mais efetivo se a companhia utilizasse seus recursos em investimentos para se tornar mais competitiva, assim como Prio e 3R Petroleum. Vale a pena investir em PetroRecôncavo?Levantamento do TradeMap para a coluna mostra que, de sete corretoras e bancos que acompanham a PetroRecôncavo, cinco indicam a compra e apenas duas têm recomendação neutra: ou seja, melhor nem comprar nem vender. Já em mais quatro instituições consultadas pela coluna, duas são a favor da compra e duas apontavam manter a ação. Queiroz, contudo, não acredita que a PetroRecôncavo possa substituir a Petrobras, que pode pagar entre 11% e 12% nos próximos anos. A PetroRecôncavo só deve entregar algo semelhante no médio prazo, principalmente puxada pelo mercado de gás. As duas empresas, segundo ele, podem coexistir na carteira do investidor como boas pagadoras do segmento. PUBLICIDADE | | |
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