Preocupados com riscos de conflitos geopolíticos a curto e médio prazo, mudanças climáticas e a elevada dívida pública de diferentes governos, os super-ricos passaram a apostar mais na segurança oferecida pela renda fixa para proteger o patrimônio. No ano passado, esses investimentos tiveram o maior crescimento dos últimos cinco anos, aponta o Global Family Office Report 2024. No entanto, ações ainda detêm a maior fatia dessas carteiras ricas. O que diz o estudoO estudo foi produzido pelo banco suíço UBS com 320 family offices. Family offices são empresas responsáveis pela gestão e planejamento do patrimônio dos mais ricos. Cada escritório tem em média um patrimônio de US$ 2,6 bilhões, somando em torno de US$ 600 bilhões no total. Clientes estão mais preocupados com questões geopolíticas. No entanto, as mudanças climáticas também despontam como um risco relevante a médio prazo. A maioria das famílias abastadas (61%) afirma que deve assumir riscos similares aos de 2023 nos próximos 12 a 18 meses. Entretanto, boa parte (58%) teme a possibilidade de um grande conflito e os possíveis impactos sobre seus objetivos financeiros. Além disso, uma parcela relevante (37%) olha com atenção para as taxas de juros mais altas dos Bancos Centrais e outra (39%) observa a inflação elevada. Aposta na renda fixa cresceuA renda fixa era responsável por 16% de todo o investimento dos endinheirados em países desenvolvidos. O patamar supera os 12% de 2022 e é o mais alto desde 2020, durante a pandemia, quando o indicador chegou a 13%. Para 2024, as famílias pretendem manter os mesmos 16%. Famílias latinas são as que mais investem na renda fixa. Os latinos têm 34% do capital destinados a esses investimentos. Em seguida, estão os investidores do Norte da Ásia (27%), Ásia do Pacífico (25%) e Sudeste Asiático (21%). A Europa surge no meio termo (19%), e os Estados Unidos figuram como os menos que investem na renda fixa (7%). No mundo, os mais ricos aportam, em média, 19% do capital neste tipo de investimento. A mudança para a renda fixa não surpreende porque possuímos pouco ou nenhum investimento em renda fixa nos últimos 10 a 15 anos. Com o aumento das taxas de juros, foi uma mudança natural, já que esta classe de ativos se tornou suficientemente interessante para alocar capital. George Athanasopoulos, co-head de mercados globais do UBS Em meio a incertezas, mercado imobiliário tem quedaAportes em real estate caíram. Os investimentos globais em imóveis chegaram a uma média de 10% das carteiras em 2023, abaixo dos 13% registrados em 2022. Segundo o UBS, os ativos imobiliários devem alcançar 12% do portfólio dos investidores em 2024. Para o futuro, o cenário ainda está difícil para o mercado imobiliário. Sem grandes perspectivas de mudanças, o co-head de mercados globais do UBS estima que os ativos imobiliários devem responder por uma fatia de 12% do portfólio dos investidores em 2024. "Globalmente, as alocações médias de family offices em imóveis diminuíram para 10% em 2023, em comparação com 13% em 2022, devido à incerteza sobre quando as avaliações atingirão o patamar mais baixos e aos ativos líquidos que geram rendimento, como a renda fixa, que se tornaram mais atraentes." Diversificação e olhar para tecnologiaAções ainda são maior parte do patrimônio. No ano passado, a média de investimentos dos endinheirados em ações alcançou 28% no mundo. Compra de ações deve ser concentrada em países desenvolvidos. Nos mercados desenvolvidos, houve uma leve redução entre 2023 e o ano anterior (de 25% para 24%), mas a perspectiva é de crescimento para 2024 (26%). Nos países em desenvolvimento, essa fatia caiu. Na outra ponta, houve uma redução nos aportes em países emergentes entre 2022 e o ano passado (de 6% para 4%), enquanto uma nova redução é esperada para o ano atual (3%). Inteligência Artificial (IA) é o tema mais popular entre os investidores. Na busca por diversificação de ativos, cerca de 78% dos family offices afirmam que a IA é o setor com a maior probabilidade de novas investidas nos próximos dois a três anos. Outros segmentos na mira são healthtech (70%), automação e robótica (67%), dispositivos médicos (59%) e segurança (52%). As green techs (50%) e mobilidade inteligente (45%) aparecem logo em seguida. PUBLICIDADE | | |
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