A Volkswagen anunciou em fevereiro investimento de R$ 16 bilhões no Brasil e pouco a pouco começa a detalhar o destino desse dinheiro. Serão 16 novos modelos feitos no país, dentre eles, opções híbridas. Embora os modelos 100% elétricos estejam em voga, a marca alemã vai investir na nacionalização de automóveis híbridos. É um movimento que muitos fabricantes farão, sobretudo entre os híbridos flex. Conversamos com Ciro Possobom, presidente da Volkswagen do Brasil, para saber mais sobre os "carros do futuro" que fabricante vai produzir aqui. "A gente está trazendo a tecnologia, a gente escolheu a produção local de híbridos, que a gente acredita ser a melhor solução para o nosso cliente. A gente complementa com alguns carros elétricos importados na nossa gama, como hoje a gente tem ID.4 e IDA. Buzz. O volume realmente que a gente acredita como solução para o povo brasileiro é colocar carros híbridos aqui e isso pode impactar todas as fábricas em que produzimos veículos", respondeu Ciro Possobom, presidente da Volkswagen do Brasil, ao UOL Carros. Ao contrário dos elétricos, os híbridos utilizam plataformas que compartilham mais elementos em comum com outros modelos do que seria possível com os totalmente eletrificados. "A gente vai trazer uma plataforma híbrida. A base MQB que temos hoje também pode receber uma hibridização. Tem dois tipos de plataforma, uma que temos hoje e outra que estamos trazendo, a nova MQB Hybrid, que vai dar origem a carros híbridos da Volkswagen. Ela já existe e está sendo desenvolvida com outras marcas do grupo", afirma Ciro. Considerada uma evolução da MQB (Modularer Querbaukasten, ou Kit de ferramentas modular transversal, em referência aos motores transversais), a nova base vai comportar três tipos de híbridos: leves, paralelos e plug-in. O principal foco será nos leves e paralelos, aqueles híbridos em que os motores elétricos e a combustão trabalham em conjunto a maior parte do tempo. Da mesma maneira que a MQB usada atualmente, a MQB Hybrid permite explorar várias opções de tamanho e tecnologias, indo desde o novo modelo de entrada da marca até SUVs e a futura picape média pequena da marca. "É mais larga, mais comprida, com as tecnologias da Volkswagen na parte eletrônica. Tem carros do mundo já com essa plataforma. A gente pega essa aqui e adapta à nossa realidade da região", explica Ciro. Opções de motores híbridos Nos mais baratos, a base comporta um sistema híbrido leve de 48 V. Da mesma maneira que outros do tipo, os modelos utilizam um pequeno gerador para alimentar a parte elétrica e dar uma força para o propulsor a combustão, no caso, o 1.0 TSI renovado, chamado de eTSI. Na Europa, o três cilindros é combinado ao câmbio automático de sete marchas e dupla embreagem. Por lá, o propulsor rende 110 cv e 20,4 kgfm, mas é certo que a potência vai aumentar, chegando perto dos 116 cv do três cilindros atual ou até mais próximo dos 128 cv das aplicações mais fortes, tais como as de Virtus, Nivus e T-Cross. A proposta vai concentrar a maior parte das vendas dos novos eletrificados. Porém, a maior chance é de que os híbridos paralelos utilizem o novo propulsor 1.5 TSI Evo2. O quatro cilindros é o substituto do conhecido 1.4 turbo, que deverá deixar de ser utilizado quando terminar o ciclo de vida dos modelos atuais. O rendimento pode manter os 150 cv e 25,5 kgfm do 1.4, mas tudo depende da eletrificação, uma vez que ela pode diminuir o rendimento, pois tem o impulso extra da eletricidade, economizando combustível, ou ser mais potente, algo muito mais raro. Ele será aplicado em carros médios e médios grandes, provavelmente, a futura picape Tarok (nome ainda não definido) pode receber esse conjunto. Quanto aos híbridos plug-in, eles vão responder por um pequeno volume de vendas na comparação com os leves e paralelos. "A nova plataforma MQB Hybrid comporta alguns tipos de hibridização. O PHEV [híbrido plug-in] e o HEV [híbrido convencional] são opções que existem, a preocupação que a gente tem é colocar a tecnologia onde o cliente possa pagar, esse é o ponto. Mas vai amontoando tecnologia, o carro vai ficando mais caro, e você vai diminuindo muito a parcela [de compradores]", esclarece o presidente. A preocupação com o volume é algo natural em um fabricante generalista, uma vez que ele é o ponto fundamental na hora de definir onde será investido o dinheiro na nacionalização de produtos. Isso justifica não apenas a decisão de não nacionalizar, por ora, modelos elétricos, da mesma maneira que os híbridos plug-in também não serão o foco total. "A Volkswagen é uma empresa que precisa de muito volume, então nós não viemos aqui para vender 10 mil ou 15 mil carros por ano, não dá, então tem que justificar muito o investimento e ser uma tecnologia que seja acessível ao consumidor. Por isso, vamos ter soluções híbridas para cada cliente. Você não consegue fazer um PHEV por R$ 120 mil, nem nós nem ninguém consegue fazer isso. Então todos os PHEVs estão acima dos R$ 200 mil. Você pega uma fatia muito menor do mercado", analisa Ciro. Ou seja, podemos esperar esse tipo de hibridização em carros maiores e mais caros, mas não nos mais massificados. Como dependem da tomada para recarregar as baterias, modelos dessa classe perdem em desempenho e economia se não forem "plugados", dependendo mais da rede de carregamento. Por enquanto, a infraestrutura do país ainda deve muito nesse quesito. Sem falar no preço elevado. A despeito disso, os chineses estão investindo pesado para nacionalizar os plug-in. PUBLICIDADE | | |
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