Bom dia!
Há um único assunto na Faria Lima nesta quarta-feira: a decisão do Copom sobre o futuro da taxa de juros do país. Hoje a Selic está em 10,50% ao ano, e as apostas de consenso do mercado falam em um fim dos novos cortes, isso após um combo de inflação de serviços resiliente, aumento do risco fiscal e ainda a alta do dólar, que encarece produtos importados. Se houver corte, ele deve ser de 0,25 p.p..
A inflação em 12 meses está em 3,93%, pouco acima da meta de 3%, mas economistas ouvidos pelo Banco Central apontam para um repique acima de 4%. Daí viria a necessidade de juros mais restritivos.
Mais importante do que a confirmação do fim do ciclo de cortes na taxa básica será a divisão ou não do comitê em torno da decisão. Na última reunião, a cisão entre a nova (pró corte maior) e velha (pró corte menor) elevou as incertezas do mercado financeiro sobre o futuro da política monetária.
Agora, há um novo complicador. O presidente Lula voltou a criticar o presidente do BC, Roberto Campos Neto. E foi com artilharia pesada, afirmando que o comportamento do Banco Central é a única coisa "desajustada" na economia. No começo do seu mandato, Lula já havia pressionado Campos Neto pelo excesso de austeridade na condução da taxa de juros, já que Selic elevada aumenta o custo de financiamento da dívida pública e reduz investimentos – pesando também sobre o crescimento de longo prazo.
Passados alguns meses de ruído, porém, o assunto "desapareceu". Agora, ele volta a tona faltando pouco mais de seis meses para Campos Neto cumprir seu mandato a frente do BC, sendo o provável sucessor Gabriel Galípolo, indicado pelo atual governo para a diretoria da autarquia.
Uma das críticas a Lula pelos ataques a BC é uma eventual afronta à independência da autoridade monetária. Acontece que as rixas ressurgiram após uma notícia de Campos Neto teria dito ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que aceitaria ser seu ministro em uma eventual presidência. Tarcísio é cotado como candidato do Bolsonarismo à corrida de 2026.
O resultado do Copom sai apenas depois do fechamento do mercado. Antes disso, Lula e Haddad participam da posse de Marta Chambriard na presidência da Petrobras, um evento essencialmente político e que pode turbinar a volatilidade dos mercados.
Isso enquanto os Estados Unidos fazem uma pausa para o feriado. Na Europa, as bolsas operam em queda. A notícia positiva do dia é que o Reino Unido cravou inflação anualizada de 2% pela primeira vez desde a crise pós-Covid + guerra na Ucrânia. O BoE decide a taxa de juros amanhã, sem a certeza de cortes na taxa. Bons negócios.
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