Em 2010, a ProPublica, uma das principais agências de jornalismo investigativo do mundo, publicou o projeto Dollars for Docs (Dólares para Médicos), que mostrava quanto cada médico americano ganhava da indústria farmacêutica.
Meu queixo caiu. Os dados usados na reportagem eram públicos. Imagina se tivéssemos algo parecido no Brasil. Mas era um sonho distante. Por aqui, ainda levaríamos dois anos para aprovar a Lei de Acesso à Informação, que exige a transparência de órgãos públicos. Empresas privadas então, nem pensar.
Corta para outubro de 2023. Depois de publicar uma investigação sobre a exigência do CPF para pagar menos na farmácia, me deparei com uma base de dados brasileira que estava escondida havia mais de seis anos.
Desde 2017, a indústria da saúde tinha que declarar tudo que gastava com cada médico... de Minas Gerais. A exigência estava em uma lei estadual, inspirada justamente na experiência americana. Mas quase ninguém ficou sabendo. Os dados nunca haviam sido investigados.
Depois de cinco meses de trabalho, o UOL mostra hoje o que havia nessa base de dados: R$ 198 milhões em pagamentos e benefícios concedidos pela indústria da saúde para médicos mineiros. São viagens para congressos, palestras, jantares e presentes, abrindo uma rodovia de conflito de interesses.
Os dados podem ser só de Minas, mas a realidade é de todo o Brasil. A única diferença é que em outros estados não podemos saber se o remédio que o médico indica é o mesmo que paga para ele ir para um congresso no exterior. Ainda. LEIA A REPORTAGEM COMPLETA NO UOL PRIME |
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