Pichações dos logos de facções pelas paredes da cidade, criminosos ostentando armas em vielas de comunidades, toque de recolher imposto pela bandidagem, tráfico de toneladas de drogas via portos e aeroportos, corrupção policial, presídios dominados, chacinas, infiltração na política: a descrição que o repórter Felipe Pereira faz da vida em Guaiaquil, maior cidade do Equador, vale para o Rio de Janeiro e outras capitais brasileiras. A principal diferença é que, no Brasil, o governo não usou a desculpa de controlar o crime organizado para decretar estado de exceção. Mas foi por pouco. Durante o governo Temer, o Rio de Janeiro esteve sob intervenção militar. Não serviu para nada além de projetar o general interventor na política e, nos anos seguintes, ele virar braço direito de Jair Bolsonaro e arquitetar um golpe de estado fracassado. Foi por pouco. O "pouco", no caso, faz toda a diferença. Mas a ebulição social provocada por medo e insegurança está no dia-a-dia dos brasileiros como no dos equatorianos. Não é difícil imaginar uma situação que seja a gota d'água que transborde o pote da indignação popular. No Equador, foi a invasão de criminosos encapuzados e armados a uma emissora de TV estatal transmitida ao vivo que fez a população aprovar o endurecimento do regime. Antes que se chegue ao clamor por mais brutamontes no comando do país, vale recorrer à inteligência. A ação recente da Polícia Federal, trocando tropas aos montes por monitoramento de celulares e análise de redes de criminosos, demonstrou que essa é a melhor maneira de combater o crime organizado. Foi assim que recapturaram os fugitivos do presídio federal de Mossoró - e que o estado teve uma rara vitória sobre o Comando Vermelho. Vale muito ouvir o episódio desta semana do podcast UOL Prime. O relato do repórter Felipe Pereira sobre o que ele testemunhou em Guaiaquil nos ajuda a entender as muitas semelhanças e as tênues diferenças que ainda existem entre o Equador e o Brasil. Ouça já. Assine o podcast UOL Prime. Toda semana eu converso com os melhores repórteres sobre as melhores reportagens do UOL. É grátis. O podcast UOL Prime é publicado às quintas-feiras no YouTube do UOL Prime, Spotify, Apple Podcasts, Amazon Music, Deezer e em todas as plataformas de podcast. |
Nenhum comentário:
Postar um comentário