Xixi, cocô e pum são, definitivamente, assunto de criança. Não é à toa que os programas Maritaca que trazem temas escatológicos são os mais ouvidos dos quase oitenta episódios existentes. A história do cocô encantado, um conto de tradição oral chamado "Campo Santo", é de chorar de rir, e causa em quem escuta, principalmente nos adultos, sentimentos contraditórios entre o nojo e a graça, os bons costumes e a natureza das coisas. Quando a dupla de contadores Arte Negus foi até o estúdio gravar essa história, lembro que fiquei internamente dividida entre minha "moral" adulta e a risada que é arrancada pela situação cômica e pela brilhante interpretação dos artistas. Taí um assunto para colocar a gente, que educa crianças, numa balança. Sempre me pergunto, enquanto mãe: até onde o limite é um contorno saudável ou uma barreira intransponível que engessa a criatividade e a liberdade? Os assuntos escatológicos começam a chegar para as crianças entre os dois e os três anos de idade, durante a chamada fase anal, considerada importantíssima por Freud, aliás. Talvez seja um dos primeiros assuntos da infância que coloca os adultos em xeque entre o educar e o castrar. Agora que meu filho já é quase um pré-adolescente, percebo que essa questão pode ser um excelente ensaio para os adultos treinarem como abordar de forma saudável toda a questão da sexualidade com as crianças maiores e os adolescentes. Ah, a maternidade! Para mim, um dos maiores prazeres em criar e educar uma pessoa, além do amor que transborda no coração, é se revirar até as entranhas, se revirar do avesso mil vezes antes de oferecer caminhos para a criança. Uma incrível possibilidade de curar tabus e traumas. Para entender um pouco mais sobre o assunto Para pensar sobre o tabu e a repressão | 
Nenhum comentário:
Postar um comentário