O vento no rosto, o calor na pele, a amplidão do espaço. Como é bom brincar a céu aberto! Nós, adultos, talvez não sintamos tanto essa diferença no corpo, mas a criança sente. Basta vê-las correndo assim que saem de um carro após uma viagem. Tamanha energia só cabe entre quatro paredes depois de brincar muito! Eu era uma criança espevitada que vivi em apartamento. Se olho para aquele tempo, me vejo subindo nos batentes das portas, fazendo parada de cabeça cinquenta vezes no sofá, fazendo ponte e descendo escorregando pela parede. Já mais crescida, saía de bicicleta com os amigos do prédio pelas ruas de São Paulo. Morava perto de uma grande avenida... Hoje não poderia sonhar em deixar meu filho fazer isso! O fato é que não existia videogame ou celular. Ficar em casa vendo televisão já era possível, mas não dava para ser o dia todo. Então, a gente ia inventando o que podia dentro do apartamento. Meu filho não é diferente, tem energia saltando pelos olhos. Aprendi que para ele ficar mais tranquilo e menos angustiado ele precisa fazer muito exercício. Ele também já sabe disso, e às vezes me diz: "Mãe, preciso gastar". Esse é o código para fazer algo físico, seja dentro do prédio - que, pra nossa sorte, tem uma quadra -, seja sair para andar de skate, dar uma volta de bicicleta ou jogar futebol na praça com um amigo. Se não fizer algo nesse sentido diariamente, tenho uma criança infeliz, com raiva ou que fica chutando bola dentro do apartamento. Diga-se de passagem, outro dia ouvi um comentário sobre as crianças que precisam se exercitar muito: não é gastar energia, é criar resistência. Faz sentido. Seja como for, lugar de criança definitivamente não é no sofá olhando para quatro paredes e para uma tela - é bem possível, aliás, que esse lugar ela ocupe durante toda sua vida adulta. A não ser que esse adulto tenha a sorte de viver com uma criança elétrica que o tire da cadeira a qualquer custo para passear. Um pouco mais sobre os benefícios de brincar ao ar livre Sobre a importância de brincar na natureza |
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