A Copa do Mundo feminina começou ontem (20), na Austrália e na Nova Zelândia. Apesar do torneio já ter o recorde histórico de ingressos vendidos (foram mais de 1,3 milhões antes do início do torneio) e, provavelmente, recorde também no número de telespectadores que assistirão aos jogos, as marcas ainda realizam tímidas ações de marketing - ainda mais quando comparadas às da Copa do Mundo masculina. No Brasil, as transmissões vão se dividir entre os veículos da Globo, a CazéTV e o Fifa+. A Globo, por exemplo, vai transmitir 7 partidas ao vivo. O sport, por sua vez, passará 34 dos 64 jogos do torneio. A CazéTV, canal do streamer Casimiro Miguel, possui um acordo mais amplo com a Fifa e transmitirá todas as partidas da competição, tanto pelo YouTube quanto pelo Twitch. Marcas como Visa, Unilever, Guaraná Antartica, Neoenergia, Itaú, McDonald's, Vivo, Mastercard, Adidas e Nike criaram ações de marketing específicas para divulgar o mundial por aqui. Para entender um pouco sobre a importância dessas empresas em apoiarem a modalidade, o UOL Mídia e Marketing conversou com Mariana Dinis, diretora de marketing da Visa - primeira parceria do futebol feminino da Fifa. Confira: A Visa lançou o movimento #EscolhaJogarComElas para mostrar seu apoio à Copa do Mundo de futebol feminino. Como essa ação será transmitida ao consumidor? A Visa já tem alguns anos de patrocínio à Copa do Mundo feminina. Esse ano, tínhamos o compromisso de fazer uma ativação equiparada à da Copa masculina. Como comercial principal, damos luz à proibição do futebol feminino no Brasil, que aconteceu entre 1941 e 1979. Além de um filme bonito na TV, a gente queria fazer dessa campanha algo maior, com esse olhar de apoio ao futebol feminino como um todo. Pelo tempo que as mulheres foram proibidas de jogar, a gente tem esse gap com o futebol masculino. Enquanto o Brasil era 3 vezes campeão do mundo, a gente era proibida de jogar. Como marca que fomenta o empoderamento feminino em diversos aspectos, acreditamos que é um dever da marca apoiar o futebol feminino no país. "O #EscolhaJogarComElas quer convocar a toda população brasileira a assistir e se engajar com a seleção. É um momento propício para catalisar o empoderamento e protagonismo feminino no esporte. Precisamos apontar todos os holofotes para que elas brilhem". Este ano, teremos o recorde de ingressos vendidos para uma Copa do Mundo feminina. Por outro lado, ainda vemos uma falta de apoio das marcas ao futebol feminino no Brasil. Falta essa equiparação com o masculino? A Visa pode puxar o mercado? | Imagem: Reprodução |
Isso tem evoluído bastante. Na última Copa feminina, cerca de 1 bilhão de pessoas assistiram aos jogos - e a expectativa é que esse número dobre nessa edição. Existe um movimento das marcas que olham isso como oportunidade. Mas, sim: ainda falta apoio e é papel das marcas puxarem esse movimento. Há um papel do consumidor aí também: as pessoas estão exigindo que as marcas se posicionem. Há um papel todo da sociedade em cobrar mais das marcas - e isso é positivo, é bom para todo mundo. Como tornar esse apoio mais perene? A Visa é bem consistente nas suas ativações. A parceria global com a Fifa existe desde 2007. Há mais de 20 anos apoiamos atletas de diversas modalidades também, no mundo todo. Nessa Copa do Mundo, estamos com 33 jogadoras - e uma delas é a brasileira Debinha. "Lógico que os patrocínios vão se reciclando, mas há uma consistência nesse apoio. Essa repriorização de investimentos é um desafio no mundo corporativo, mas a gente tem conseguido trilhar um caminho que faz bastante sentido pra gente". Você acha que falta um título de expressão para a seleção feminina? Não ter esse grande título trava o investimento de algumas empresas? Sim, há um certo preconceito. É isso que queremos quebrar. O brasileiro é bem exigente - e não é só no feminino: é cultural. "Existem comentários preconceituosos e vimos isso quando lançamos a campanha. Os haters vão existir, mas não podemos nos intimidar com esse tipo de comentário. Como marca global, temos a obrigação de promover essa mudança de mentalidade". (Nota da redação: durante a transmissão da partida de abertura do Mundial, a CazéTV decidiu desativar o chat por conta de comentários misóginos). A seleção tem evoluído na questão da performance. Não sabemos se chegaremos nas fases finais, mas temos que ter consistência. Ter mais espaço na mídia ajuda, faz parte dessa evolução. Termos transmissões na TV aberta, por exemplo, faz com que o público interessado em assistir cresça. É importante fomentar essa cultura, de um apoio maior. |
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