A trajetória de Transformação Digital do Magazine Luiza
Aqui na StartSe, defendemos que a transformação digital pode transformar mercados. No entanto, apesar de ser um assunto que está em alta há algum tempo, a maioria das grandes companhias brasileiras ainda estão no início dessa trajetória. Elas estão conhecendo o que é "transformação", mas ainda não chegaram na parte do "digital".
Uma das empresas que tem fugido dessa regra é o Magazine Luiza. A inclusão digital pode ser medida por meio dos números na companhia. Em seus resultados de 2019, a companhia divulgou que seu lucro líquido saltou 54,3 por cento em comparação ao ano anterior. O valor foi de quase 1 bilhão de reais — para ser mais exata, de 921,8 milhões de reais. O principal investimento da companhia foi em digitalização.
Sendo um empreendedor ou não, nesta semana eu te recomendo uma leitura: a trajetória de transformação digital do Magazine Luiza. Além de voltar ao passado, a empresa descreve como se inspira no exemplo presente da China e quais são seus próximos passos para se conectar ainda mais com seus 25 milhões de clientes ativos.
Confira a seguir a história, contada pela Isabella Carvalho, aqui da StartSe. Boa leitura!
Um forte abraço,
Tainá Freitas
Da transformação digital ao 1 bilhão de reais de lucro: a trajetória do Magazine Luiza
A inclusão digital pode ser uma das mais poderosas ferramentas para combater a desigualdade no Brasil. É o que acredita o Magazine Luiza. A empresa divulgou, na segunda-feira (17/02), um documento com os resultados do terceiro trimestre de 2019. Nele, a companhia afirma que o acesso ao mundo digital pode empoderar microempreendedores e tornar seus negócios mais leves, eficientes e flexíveis.
"Fazer parte desse mundo permite que o mais humilde dos consumidores, das mais remotas áreas do país, possa contar com produtos e condições comerciais hoje restritos ao topo do mercado dos grandes centros urbanos", escreveu a empresa. Foi com esse propósito que a companhia registrou, nos últimos três meses de 2019, um lucro líquido de 168 milhões de reais. No ano todo, o valor foi de 921,8 milhões de reais, um salto de 54,3 por cento em relação a 2018.
Revolução digital
O lucro milionário é fruto de uma jornada de transformação digital da companhia. Em 2011, a empresa criou o Luiza Labs, laboratório de inovação responsável por melhorar, com ajuda da tecnologia, a experiência dos colaboradores e clientes. Nele, um time com mais de 500 pessoas desenvolve projetos em diferentes frentes.
Desde então, a companhia passou por um processo de digitalização, com a criação de novos aplicativos, plataformas digitais para entregadores e clientes, integração de serviços com redes sociais e até mesmo o nascimento da Lu, vendedora virtual que transformou a forma como os clientes enxergam a marca.
"A revolução digital tem gerado inúmeras consequências para os negócios dos mais variados setores. Ela mudou os parâmetros, os modelos de negócio e as regras que, durante décadas, estavam consolidadas na academia e no manual de melhores práticas difundidas por consultores e adotadas por incumbentes vencedores", ressaltou a companhia em seu relatório.
Além de digitalizar suas operações, a companhia lançou, em 2017, o seu marketplace, vendendo produtos de outras empresas em seu site e aplicativo. Com a iniciativa, a varejista passou a oferecer uma alternativa para que pequenos empreendedores pudessem expor seus produtos em uma plataforma com grande visibilidade.
A partir daí, o valor das ações da companhia disparou — de acordo com a Economatica, o salto foi de 4.500 por cento entre 2016 e 2019. Neste período de três anos, a ação do Magazine Luiza foi a que gerou maior retorno sobre o capital investido entre as empresas da bolsa.
De linha para plano
De acordo com a companhia, a revolução digital também abriu inúmeras possibilidades estratégicas. "Para descrever essas possibilidades e tentar dar mais clareza à questão do posicionamento estratégico em ambientes digitais, usaremos aqui conceitos criados pelo ex-estrategista-chefe do Alibaba, Ming Zeng: ponto, linha e plano", ressaltou a varejista no documento.
O conceito descreve três tipos de empresas: plano, linha e ponto. Ser um plano significa atuar como um ecossistema digital, abrangendo diversos setores. Já a linha controla uma cadeia específica, atuando em um determinado segmento. Por fim, o ponto descreve uma empresa super especializada, que oferece soluções para as linhas e planos.
"Durante 18 anos, nós, do Magalu, montamos um bem-sucedido modelo estratégico de linha. Nos tornamos uma empresa multicanal e lucrativa no ramo de bens duráveis. Mas, em 2018, decidimos que nosso formato nesse novo mundo seria o de plano. Passaríamos a ser um ecossistema, com foco em varejo", descreveu a empresa.
A companhia afirma ter em seu DNA os princípios corporativos fundamentais para isso. "Acreditamos no ganha-ganha (ou na colaboração, para usar um termo do momento), no protagonismo do cliente e nas relações formais e éticas. São princípios, sob o nosso ponto de vista, fundamentais para dar escala ao e-commerce brasileiro".
Como uma empresa "plano", o objetivo é consolidar a inclusão digital de empreendedores e consumidores brasileiros. "Nosso foco está nos pequenos e médios negócios e sobretudo nas pessoas da base da pirâmide sócio-econômica", descreveu a companhia. Um dos primeiros passos nessa direção foi, justamente, o lançamento do marketplace.
Crescimento exponencial
Com a nova estratégia digital, a varejista também deu um salto em faturamento. Com um modelo baseado em lojas físicas, o Magazine Luiza demorou 43 anos para atingir seu primeiro bilhão de reais. Em apenas três, a companhia conquistou 3 bilhões de reais com o marketplace.
Em 2019, a companhia focou sua estratégia em expansão e aumento da escala. "O maior dos nossos KPIs foi vinculado à expansão — crescimento em progressão geométrica de GMV, da base ativa de clientes, do número de novas categorias e de itens à venda, quantidade de sellers, usuários ativos mensais no app e novas lojas foram algumas das metas que nos auto-impusemos", descreveu a empresa. Com 159 lojas físicas inauguradas, as vendas cresceram 51 por cento. Além disso, a companhia atingiu o marco de 25 milhões de clientes ativos.
Além do foco em escala, o Magazine Luiza também cresceu com ajuda de outra estratégia: aquisições. Em 2019, a companhia comprou a Netshoes por 115 milhões de dólares. "Com a Netshoes não só entramos em duas categorias de enorme potencial — artigos esportivos e moda — como incorporamos uma das marcas mais queridas do e-commerce brasileiro. A Netshoes trouxe para o Magalu uma competente equipe de profissionais digitais e uma plataforma com 1.000 sellers, 4 milhões de clientes e 2,5 bilhões de reais em GMV", escreveu a companhia.
Próximos passos
Além da Netshoes, a varejista ainda adquiriu a Época Cosméticos e a Estante Virtual. O objetivo é criar, futuramente, um super app — assim como o WeChat da China — integrando serviços financeiros e outras funcionalidades em uma mesma plataforma. "Queremos que nossos 25 milhões de clientes ativos saibam que encontrarão, em um único lugar e de forma legal e ética, tudo o que precisam ou desejam", ressaltou a empresa.
Para isso, o Magazine Luiza já traçou planos para o futuro. Fazer a integração das empresas adquiridas será o foco da varejista neste ano. Em paralelo, a companhia planeja continuar aumentando o número de parceiros no marketplace, integrando todos os catálogos de produtos.
"Tão importante quanto tudo isso — sobretudo para uma empresa que nasceu e permaneceu especialista em algumas categorias por tanto tempo — é comunicar aos nossos clientes que estamos rapidamente nos transformando num varejista de todas as coisas", escreveu a companhia.
Além do Magazine Luiza, outras grandes empresas estão investindo em transformação digital. O movimento é inevitável pra aqueles que querem se manter competitivos no mercado.
Um forte abraço,
Isabella Carvalho
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