A Câmara dos Deputados aprovou ajuda de R$ 600, por três meses, para trabalhadores informais que estão sem renda em razão da crise do coronavírus. Batizado de “coronavoucher”, o benefício é a primeira medida de grande alcance que avança desde o início da crise, nove dias após o pacote anunciado pelo governo, que relutava em abrir os cofres públicos para combater os efeitos da pandemia. O texto ainda será analisado pelo Senado.
Entenda: o recurso é considerado essencial em um momento de crise e pode beneficiar mais de 24 milhões de pessoas. O país tem 42 milhões de trabalhadores por conta própria e sem carteira. O benefício poderá ser pago a até duas pessoas de uma mesma família, com renda de até três salários mínimos.
Bastidores: o governo revisou sua proposta, inicialmente de R$ 200, por pressão do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e de parlamentares do Centrão. Os deputados também inseriram no texto o auxílio emergencial de R$ 1.200 para mulheres chefes de família.
Os vinte países mais afetados pelo coronavírus até agora mantêm em vigor medidas rigorosas de isolamento social — inclusive o Brasil, ainda que por ordem dos governos estaduais. Nações que se opuseram inicialmente ao isolamento, como Itália e Espanha, reviram sua posição após a contagem de mortos disparar. Em paralelo, economias austeras, como a da Alemanha, aumentaram gastos para aplicar medidas econômicas intervencionistas e de auxílio a populações vulneráveis.
Como está o Brasil: o país se aproxima dos Estados Unidos, nação com maior número de infectados no mundo, no fato de que a quarentena foi imposta por estados e municípios. A Casa Branca “recomendou” um isolamento, enquanto o governo de Jair Bolsonaro procurou derrubar a iniciativa. Na área econômica, no entanto, os EUA aprovaram abrangente pacote de proteção social e resgate econômico.
O que se sabe: na lista de medidas, estão propostos a suspensão do pagamento antecipado do 13º de servidores, o atraso do pagamento de financiamento do Banco BNP Paribas e a antecipação de R$ 2,5 bilhões em royalties.
Em paralelo: cerca de 650 mil pessoas vivem em situação de extrema pobreza no Estado do Rio e aguardam saírem do papel as medidas anunciadas pelo governo. Enquanto isso, dependem de uma rede de solidariedade que avança na cidade, com distribuição de alimentos e produtos de higiene.
É Darwinismo Social o que o presidente defende para o Brasil no enfrentamento à pandemia do coronavírus. Priorizar a engrenagem econômica é evidência de desumanidade. O luto é improdutivo
Miriam Leitão analisa a reação do governo ao coronavírus, e a repórter Geralda Doca conta os bastidores do que está sendo discutido pela equipe econômica
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