O Brasil completou um mês após o primeiro caso oficial do novo coronavírus com um aumento no número de casos diagnosticados e mortes. Pelas projeções, as próximas duas semanas devem ser críticas, com mais casos sendo descobertos e novos pacientes em estado grave entrando no sistema de saúde. O problema, no entanto, é a subnotificação: embora o Ministério da Saúde tenha encomendado mais kits para testagem, os resultados estão levando mais de 48 horas (o tempo considerado ideal pelos médicos) para ficarem prontos. Alguns pacientes, inclusive, morrem antes de receberem o resultado, reduzindo a precisão das estatísticas. Cloroquina segue em testes O medicamento utilizado para tratar a malária foi usado na mãe dos donos da rede Prevent Senior, uma idosa de 75 anos que estava em estado grave por conta da covid-19 e que apresentou melhora após o tratamento. A equipe combinou a substância à azitromicina, um antibiótico usado para impedir infecções oportunistas. Os médicos, no entanto, reforçam que o princípio ativo não deve ser usado em casa, já que a substância pode ser tóxica e levar à morte quando mal administrada. "Brasil será útil" A hidroxicloroquina, uma versão da cloroquina que é recomendada para pacientes com lúpus e artrite reumatoide, será analisada por pesquisadores do Hospital Israelita Albert Einstein, HCor, Sírio Libanês e BRICNet, uma rede que realiza estudos clínicos na área de medicina intensiva. Todos juntaram esforços para encontrar respostas sobre a segurança e eficácia do remédio o mais rápido possível. Otávio Berwanger, diretor de pesquisas clínicas do Hospital Israelita Albert Einstein, afirma que os testes serão feitos entre pacientes graves (que precisam de ventilação mecânica) e medianos (que precisam de suporte hospitalar, mas não UTI). "Temos confiança que o Brasil será útil", afirmou. Fiocruz vai conduzir análises no Brasil A Fundação Oswaldo Cruz anunciou que vai coordenar o ensaio clínico Solidariedade (Solidarity), da OMS (Organização Mundial da Saúde) no Brasil. A entidade vai testar linhas de tratamento utilizando medicamentos como Remdesivir, Lopinavir em cerca de 1.200 pacientes. Pela necessidade de respostas rápidas, o estudo acontecerá simultaneamente em diversos países do mundo e deve começar nos próximos dias no território brasileiro. E a vacina? Pesquisadores brasileiros acreditam que uma estratégia traçada para desenvolver a vacina contra o ebola pode ser usada na busca por um imunizante contra o novo coronavírus. A vacina contra o ebola é composta por fragmentos de proteínas (peptídeos) do vírus, capazes de estimular o sistema imune a produzir uma resposta protetora. Os pesquisadores então analisaram as células de defesa de sobreviventes da doença para entender a qual peptídeo elas responderam. Com base nisso, desenvolveram um imunizante que funcionou com apenas uma aplicação. A ideia dos cientistas, que colaboram com laboratórios internacionais, é tentar colher amostras de infectados no Brasil para ver se a mesma lógica se aplica ao novo coronavírus. Mas eles reconhecem que o desenvolvimento de uma vacina pode levar, em média, um ano e meio. |
Nenhum comentário:
Postar um comentário