É só escutar e imaginar. São as duas ações preciosas que um podcast pode oferecer, além, é claro, da informação contida no áudio. Quando tive a ideia do Maritaca, isso faz uns 17 anos, não se ouvia a palavra podcast, hoje tão em alta. Eu, de verdade, queria fazer um programa de rádio com o objetivo de oferecer um leque de opções musicais de boa qualidade para as crianças. A realização do programa se deu dez anos depois da sua criação. As crianças, então, já estavam conectadas a vídeos para comer, para dormir, no caminho para a escola, no quintal de casa, ou seja, fritando seus puros neurônios com informações que geralmente não servem para nada. Meu filho tinha quatro anos na época, e eu estava preocupada, e ainda estou, com o tempo de exposição às telas. Já sabia, naquele momento, que um programa para a criança escutar iria na contramão de tudo o que é pensado para a infância. E era isso mesmo que eu queria. Sou especialista em remar contra a correnteza, e isso nem sempre é um mérito. Além de tudo o que sempre ouvimos sobre a exposição ao excesso de telas na infância, sinto em especial que a imaginação, uma das coisas mais preciosas da criança, acaba brutalmente assassinada pelo imediatismo das imagens. Imaginar, criar, inventar é o que nos faz caminhar, evoluir, sentir, sonhar. Quem lê um livro e depois vê o filme normalmente não sai feliz porque "o mundo de dentro da gente é maior do que o mundo de fora da gente", já diria André Abujamra. Ouso dizer que se ao invés de um grande domínio de escolas conteudistas, que preparam as crianças a partir dos cinco anos para entrar em grandes universidades, tivéssemos mais escolas que estimulam a criatividade, a sensibilidade e a imaginação, teríamos uma sociedade mais empática, mais feliz e amorosa e com soluções melhores para a humanidade enfrentar as crises que ainda não temos a menor ideia de como resolver. A imaginação e a criatividade salvam! Sobre a importância da imaginação durante a infância |
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