Será que a China mudou muito no pós-covid? O colunista Felipe Zmoginski esteve no país e verificou um grande avanço tecnológico, ao mesmo tempo em que a nação asiática se fechou ainda mais para o avanço global. O que aconteceuA China se tornou mais voltada para si como consequência da saída dos estrangeiros durante a crise da covid. Serviços privados que antes contemplavam o mercado internacional em seus planos, o chamado "Go Global", recuaram. Até na sinalização de rua e na interface dos aplicativos locais, há menos legendas em inglês. Mas o isolamento também acelerou a digitalização da economia. Hoje, 52% do varejo local ocorre em canais online e apenas 48%, em locais offline, proporção sem paralelo no mundo. Mais digitalNos shopping centers, as diferenças do país pré e pós pandemia são ainda mais visíveis. Nos centros de compras, na verdade, quase nada se compra. Os espaços das lojas de varejo dão lugar a academias de ginástica, centros de massagem e amplos "show room" de lançamentos de carros e de imóveis. Até a praça de alimentação se transformou. Com o aumento da entrega de comida por delivery, a sensação que se tem nestas praças é que há mais entregadores de serviços como Ele.me e Meituan, os correspondentes ao iFood no mercado local, que famílias ou indivíduos procurando comida. A indústria de pagamentos, que já era 80% digital, agora supera os 90% de digitalização, com quase a totalidade das pequenas transações no país ocorrendo via apps como AliPay e WeChat. Mais verdeNas ruas, a qualidade do ar e o nível de ruído são sensivelmente diferentes do período pré-covid. O principal responsável pela mudança foi o avanço do número de veículos elétricos nas ruas. No conjunto do país, 21% de toda a frota de veículos, a maior do mundo, já é elétrica. Para efeito de comparação, um estudo do Fundo Monetário Mundial (FMI) projeta que, no mundo, só se atingirá o patamar de um quinto de veículos movidos por baterias em 2040. Mais vigilanteA vigilância parece ser um dos fatores que também se alterou na China pós-covid. Embora já fosse rígido em 2019, o controle sobre atividades públicas parece estar mais estreito, com uso mais intensivo de reconhecimento facial e de validação por QR Code ou RG com chip. Simples deslocamentos no metrô são controlados por um sistema público de informação que registra onde você validou seu bilhete e em que catraca desceu. Mais prósperaApesar dos anos difíceis de pandemia e da desaceleração da economia local, a sensação de prosperidade em expansão é muito clara. Ao menos em Pequim, o trânsito parece um desfile de carrões saídos do Salão do Automóvel e a população circulante, mesmo nos bairros mais distantes, exibe em mãos smartphones de último modelo e roupas de grifes locais e internacionais. Legítimas, registre-se. |
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