| | Jhennifer Conceição, ao centro, e Ana Vieira, à direita, saíram no tapa durante o Troféu Brasil | Satiro Sodré/CBDA |
| | | | CBDA dá mau exemplo e leva ao Mundial nadadoras que se agrediram | | Quem acompanha de perto a natação brasileira identifica que um problema histórico é a falta de sentimento de equipe na seleção brasileira. Tudo bem que a natação é um esporte individual, mas o "cada um por si" tem feito mal a todos, tanto coletiva quanto individualmente. A CBDA, porém, não parece disposta a solucionar o problema. A entidade vai levar ao Mundial de Fukuoka, sem qualquer punição prática, duas colegas que se agrediram fisicamente durante a seletiva, no último dia 30, em Recife (PE). Ana Vieira deu um tapa na cara de Jhennifer Conceição e, na sequência, uma passou a puxar o cabelo da outra. Para a confederação, a única coisa que importa é que as duas nadam rápido. Fora isso, tá tudo liberado. A porradaria aconteceu depois do pódio da prova de 100m peito. Jhennifer, Ana e a medalhista de bronze, Nichelly Lysy, são todas atletas do Pinheiros, e foram convidadas a gravarem um vídeo juntas para as redes sociais do clube. Ana fez pouco caso, Jhennifer a provocou, e a briga começou, na frente de muita gente. Nenhuma das duas atingiu os índices necessários para participar do Mundial, mas a CBDA flexibilizou as exigências e convocou todos os revezamentos, beneficiando Ana pelo 4x100m livre e, Jhennifer, pelo 4x100m medley. As duas foram convocadas na semana passada, antes mesmo de serem julgadas pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). Os critérios de classificação para o Mundial, determinados pela própria CBDA, previam que a confederação tinha liberdade para "resolução, interpretação e decisões em casos omissos" e que, em casos especiais e de extrema relevância, poderia promover alterações nos critérios, "buscando sempre o melhor para a natação brasileira". A CBDA tinha, portanto, toda a liberdade para não convocar as duas briguentas que, vale lembrar, não atingiram os critérios para serem convocadas. Mas optou por lavar as mãos. Deixou a decisão para o STJD, que, na sexta, puniu Ana com suspensão em cinco "provas ou equivalentes" e Jhennifer em quatro "provas ou equivalentes". Esperto, o Pinheiros inscreveu as duas para o Brasileiro de Inverno, em Salvador, na semana que vem, um torneio irrelevante no calendário de quem vai ao Mundial, elas vão cumprir o gancho não nadando as provas de revezamento, e fim de história. Na prática, ninguém será punida. A CBDA abraça a ideia de que "quem tem que julgar é o STJD", ainda que o órgão só tenha competência para punir em torneios de clubes. É como quem defende — guardadas das devidas punições — que um clube não deve punir um jogador que agrediu uma mulher, até que ele seja condenado pela Justiça civil. É muito mais fácil terceirizar a responsabilidade, ainda mais quando isso te ajuda esportivamente. No fim, apesar de ter dado um tapa na cara de uma colega de clube, rival de piscina e colega de seleção, Ana Vieira não deixará de participar de uma prova sequer do seu calendário. Jhennifer, que revidou, também não. E ainda vão levar a torta de climão para alimentar a delegação brasileira em Fukuoka. O recado que fica é que a prioridade do clube e da CBDA é o resultado. Se com as duas brigonas os revezamentos têm mais chance de se classificar à Olimpíada, melhor com elas. Vale tudo, até tapa na cara. Integridade, bom exemplo? É bonito na teoria, mas na prática atrapalha. Para manter o assunto Mundial, escrevi aqui sobre a bomba da semana: o rompimento de Ana Marcela Cunha e Fernando Possenti. | | | Reprodução |
| | | | Quando a 'briga' é boa | A etapa de Roma da corrida olímpica do skate street confirmou que, hoje, só Rayssa Leal e Kelvin Hoefler brigam por um pódio de Paris. A boa notícia é que, há pouco mais de um ano da competição, as chances parecem boas para ambos. No feminino, o mundo hoje tem Rayssa, a australiana Chloe Kovell e uma legião de japonesas brigando no topo. Mesmo em um dia ruim, em que não conseguiu encaixar uma volta e sofreu um tombo que a deixou com dores no abdômen, Rayssa ainda assim foi quarta, terminando pertinho do pódio. Ouro e prata ficaram com Liz Akama e Covell, ambas de 13 anos, e em franca evolução. As duas estarão voando em Paris. Gabi Mazetto repetiu a final do Mundial, terminou em sétimo, e agora é nona do ranking. Pâmela Rosa parou na semifinal, mas está logo à frente, em sétimo. As duas não perdem mais a vaga olímpica e, como só vão três japonesas a Paris, têm boas chances de fazer final na Olimpíada. No masculino, a irregularidade dos brasileiros pode custar caro. Kelvin Hoefler é a exceção. Foi bronze em Roma, havia sido quarto no Mundial, e está em um grupinho de cinco que briga sempre por medalha: ele, o francês Aurélien Giraud (campeão mundial), os americanos Nyjah Huston (ouro em Roma) e Jagger Eaton (campeão mundial de 2021), e o português Gustavo Ribeiro (campeão da SLS 2022). Ginwoo Onodera, fenômeno japonês de 13 anos, desta vez foi só 12º, após ser bronze no Mundial. Diferente do feminino, porém, há espaço para, em um dia inspirado, o pessoal do segundo escalão chegar. O eslovaco Richard Tury, 30, foi quinto no Mundial. Sora Shirai, japonês, foi prata em Roma, acertando uma manobra incrível. Só que, até agora, nenhum brasileiro ocupou esse papel. Carlos Ribeiro foi bem nas eliminatórias, mas não passou nem à final. Felipe Gustavo, o Buchecha, até foi quinto em Roma, mas vinha de resultados ruins nos dois primeiros eventos válidos para o ranking e está só em 50º. São 20 vagas em Paris pelo ranking e hoje o segundo melhor brasileiro, Giovanni Vianna, é só o 22º. Gabryel Aguiar é 24º e não iria a Paris nem com os descartes. Até Buchecha ainda aparecem Eduardo Neves (21º), Lucas Rabelo (37º), João Lucas Alves (38º), Ivan Monteiro (39º), Filipe Mota (40º) e Carlos Ribeiro (48º). Uma briga boa numericamente, mas bem abaixo do que pode o skate brasileiro. | | | World Triathlon |
| | | | Onde o Brasil vai bem | Em uma temporada em que os resultados de brasileiros da natação e do atletismo de pista e campo competindo no exterior estão muito abaixo da crítica, modalidades não tão tradicionais no esporte nacional alcançam conquistas importantes. No triatlo, Manoel Messias foi prata na etapa de Montreal (Canadá) da World Series, principal circuito da modalidade. Em uma prova de sprint, mais curta do que a versão olímpica, ele só terminou atrás do australiano Matthew Hauser. O brasileiro é quinto do ranking olímpico. Já no tênis de mesa, Bruna Takahashi conquistou o melhor resultado da carreira ao chegar à semifinal do WTT Contender de Túnis, na Tunísia, um torneio que tinha oito jogadoras melhores ranqueadas que a brasileira, atual 38ª. Ela caiu para a sul-coreana Shin Yubin, número 16 do ranking mundial. No masculino, Hugo Calderano era o favorito, mas caiu para o sueco Mattias Falck, que viria a ser vice-campeão. O resultado é ruim porque espera-se que o brasileiro supere rivais de segundo e terceiro escalões para conseguir brigar, depois, contra os chineses, por medalhas em grandes competições. | | | Matthew Childs/Reuters |
| | | | E o legado... | O recém-inaugurado velódromo Vicente Alejo Chancay, em San Juan, na Argentina, foi anunciado pela UCI como "satélite de Desenvolvimento Continental da UCI". Será na Argentina que a federação internacional vai concentrar esforços (e dinheiro) para desenvolver o ciclismo de pista na região. O Brasil poderia estar ocupando este lugar há sete anos, desde que inaugurou o velódromo do Rio. Mas a pista sempre foi tratada como um fardo, e nunca recebeu a atenção devida de políticos e gestores esportivos brasileiros. Agora, ficou para trás. Dificilmente vai deixar de ser o que já é: um elefante branco. Por falar em ciclismo, o Brasileiro de Estrada aconteceu no fim de semana e consagrou Caio Godoy e Ana Vitória Magalhães, a Tota, como campeões nacionais. Ana Paula Casetta e Wellyda Rodrigues completaram o pódio feminino, enquanto Rodrigo Araújo e Kleber Ramos, o Bozó, foram prata e bronze no masculino. | |
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