Buracos negros apontados para a Terra são "perigosos"? E o que isso tem a ver com clickbaits, as chamadas propositalmente sensacionalistas, que funcionam como caça-cliques de notícias? Tudo isso foi o tema de uma coluna de Thiago Gonçalves, em Tilt, nesta semana. O colunista conta que recentemente viu uma reportagem que falava sobre um buraco negro apontado diretamente para a Terra e de como isso não seria um problema para nós. De fato, há cerca de 2.700 buracos negros como esse, também chamados de blazares. Esses objetos estão a milhões ou até bilhões de anos-luz de distância, e o pouco de radiação que chega até aqui é geralmente muito fraco para que possamos ser capazes de perceber sua existência sem o auxílio de poderosos telescópios. Os blazares produzem, por exemplo, ondas de rádio extremamente energéticas. Ainda assim, dadas as enormes distâncias envolvidas, sabemos que toda a energia captada por radiotelescópios na história da radioastronomia (um campo que começou há cerca de 60 anos) não seria capaz de derreter um único floco de neve. No entanto, é relativamente comum vermos em manchetes chamadas assustadores que logo indicam que o buraco negro está apontado para nós. Esse é o chamado clickbait, ou seja, o famoso caça-cliques de jornais e redes sociais para que você se sinta de alguma forma compelido a ler a matéria. Gonçalves questiona se não há uma forma de chamar a atenção do público sem recorrer ao alarmismo. "O universo não está aqui para nos matar; é um lugar com muito espaço vazio, e é mais solitário do que perigoso, na minha opinião." Para o colunista, algum tipo de chamariz é necessário para conseguir se destacar de alguma forma no mar de informação em que vivemos atualmente. Mas o ideal seria se houvesse maior envolvimento do público com a ciência, de maneira que esse comportamento não fosse necessário. Isso para que a reportagem pudesse chamar a atenção para a descoberta, para o conhecimento buscado, não porque os jornais querem passar a impressão de que você poderia morrer amanhã devido ao ataque de um buraco negro assassino. "Isso só será possível quando houver algum tipo de conexão emocional da sociedade com os cientistas, para que possam realmente se sentir como participantes do processo de descoberta. Caso contrário, seguiremos reféns das manchetes jornalísticas do cosmos que quer nos matar." **** CONFIRA TAMBÉM UOL CARROS DO FUTURO Toda quarta-feira, a newsletter UOL Carros do Futuro traz tendências e debates sobre as novas tecnologias da indústria automobilística. Nesta semana, a newsletter conta que uma empresa chinesa criou o primeiro disco voador tripulado a voar por conta própria. Ou quase isso. Quer se cadastrar e receber o boletim semanal? Clique aqui. |
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