Natação, saltos ornamentais, taekwondo, skate park, skate street, ginástica artística, vôlei, badminton e boxe. Três dias, nove modalidades. Cobrir os Jogos Pan-Americanos, para quem ama esporte, é como estar em um parque de diversões, e passar boa parte do tempo andando entre um brinquedo e outro. Por aqui em Santiago, o Pan não pegou. Há muita gente circulando no metrô com credencial de todos os tipos, agasalhos de delegações, voluntários (azuis, em ótimo número), funcionários (verdes), mas a comunicação visual é parca, e não está levando famílias aos guichês atrás de ingressos de última hora. Metrô pra que te queroJornalistas também se locomovem de metrô, porque ele é bom, e porque o sistema de transporte oficial é ruim. Eventos assim têm o chamado TM, que funciona como um hub de ônibus. Há uma linha que vai dos hotéis oficiais ao TM, normalmente colocado ao MPC (centro de mídia) e ao EBC (centro de transmissão), e dezenas de linhas que vão e vêm das instalações esportivas. Ontem, por exemplo. Eu deveria ter esperado um ônibus no hotel até o MPC e de lá pegado um ônibus até a arena onde acontecem os jogos de vôlei. Como a frequência deles é de duas em duas horas, o rolê poderia levar 3h. Mais fácil de ir de metrô. Na hora de voltar, uma opção era esperar 1h até o horário do ônibus oficial. A outra, tomar um ônibus de rua mesmo até o Estádio Olímpico. Tudo junto no mesmo lugarO Estádio, na verdade, é tudo, incluindo um estádio. É uma área enorme, um quadrilatero com cerca de 1km² de cada lado, que tem o estádio nacional como palco central, mas também dois parques aquáticos (um de natação, outro de saltos ornamentais), duas pistas de skate, canchas de pelota basca, pista de patinação velocidade, dois campos de hóquei, um ginásio para a ginástica, outro para o taekwondo, e um espaço gigantesco para convivência. Para o torcedor, é uma diversão. Para o jornalista, uma caminhada de 10 minutos no sol, de mochila e computador nas costas, do ponto de ônibus até o ginásio da ginástica, onde ontem Diogo Soares e Arthur Nory disputaram a final do individual geral no começo da tarde. Quando acaba a prova, é preciso esperar 1h até Diogo ir para o pódio, dar entrevista ao Canal Olímpico, à Cazé TV, ao Olympic Channel, às redes sociais do COB, às redes sociais da CBG, e enfim falar com o restante da imprensa. É admirável a paciência dos atletas brasileiros para chegar ao fim dessa via crúcis, que ainda tem as TVs que não têm direitos de transmissão, respondendo dedicadamente as mesmas perguntas. A barriga roncaÉ unânime entre os colegas instalados em hotéis oficiais em Santiago: o café da manhã é pobre. Não há variedade para encher o bucho e aguentar até de tarde. A barriga pede comida na hora do almoço, e até existem várias opções de comida no Parque Olímpico. Todas são lanche. Ao menos é melhor do que a varidade de comida disponível no bairro turístico depois das 22h: os lanches daquelas duas redes famosas de fast food. Podia durar 2 mesesContando assim, parece horrível. Mas, assim como no parque de diversão há um brinquedo entre uma fila e outra, no Pan há um esporte, há atletas, há histórias, entre um perrengue e outro. Andar 10 minutos no sol, 20, 30, uma hora, valeria a pena para ver a felicidade de um Lucas Rabelo campeão no Pan. Tá tudo bem ficar horas sem comer para, no fim, sentir a felicidade de Jade Barbosa voltando o Pan após 16 anos. A diversão está só começando. Hoje é o quarto dia do Pan de Santiago, que vai até o dia 5 de novembro. Quase duas semanas inteiras, ainda. Que você acompanha em detalhes, aqui no UOL Esporte. |
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