Recentemente, Pequim anunciou uma série de medidas para fortalecer o que chama de "indústria 5.0", definido como a interação das máquinas já existentes (indústria 4.0) e sua operação por algoritmos de inteligência artificial. O colunista Felipe Zmoginski tratou desse tema em sua coluna, em Tilt. O que ele destaca é que a indústria chinesa está com dificuldades de expansão e vem sofrendo com o plano norte-americano de limitar o avanço chinês em setores mais sofisticados, como o de fabricação de novos materiais, semicondutores, equipamentos para produção de energia renovável e, claro, soluções de inteligência artificial. Em julho, o governo chinês anunciou um plano de US$ 29 bilhões dedicados a financiar a modernização das plantas fabris do país e financiar pesquisas em inovação industrial. A maior parte do capital (cerca de 15% do total), no entanto, será aportada pelo MOFCOM, como é conhecido o ministério do Comércio no país. Além de colocar dinheiro à disposição das indústrias locais, o país está colocando mais representantes governamentais dentro das empresas privadas de tecnologia. O método é apelidado de "double engine", em que governo e setor privado colaboram para o desenvolvimento econômico. Ao contrário do discurso hegemônico em boa parte do Ocidente, na China acredita-se que "mais intervenção do Estado" é o que permite crescimento e desenvolvimento. Também da China, veio a notícia de que a startup chinesa Geek+ anunciou ter vendido mais de 300 mil robôs que operam o manuseio, embalagem e separação de pedidos em centros de distribuição. O país é o mais digitalizado do mundo na indústria do varejo, com 51% de todas as vendas sendo realizadas em canais digitais. A Geek+, cujo valor de mercado é de US$ 2 bilhões, vende seus robôs para marcas internacionais como Nike, Walmart e Decathlon. Como os robôs trabalham 24 horas por dia, 7 dias por semana, o uso destas máquinas, além de reduzir custos trabalhistas, melhora a eficiência logística. Ou seja: as encomendas chegam mais rápido até o consumidor. Também na China, cidades como Pequim, Shenzhen e Xangai autorizam, em diferentes níveis, a circulação de pequenos veículos autônomos para entregas de última milha. Mais uma vez, foi-se o emprego do motorista e do entregador. Trata-se de uma perda de postos de trabalho em ritmo inédito na história, como robôs e algoritmos capacitados a exercer potencialmente qualquer atividade humana, mesmo aquela feita por profissionais altamente qualificados. Em um mundo dominado por máquinas e desemprego em massa, quem poderá consumir os produtos e serviços que estas mesmas máquinas nos proverão? **** CONFIRA TAMBÉM UOL CARROS DO FUTURO Toda quarta-feira, a newsletter UOL Carros do Futuro traz tendências e debates sobre as novas tecnologias da indústria automobilística. Nesta semana, a newsletter aborda se carros elétricos podem ser rebocados. Quer se cadastrar e receber o boletim semanal? Clique aqui. |
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