A cada "parabéns" recebido pelo quarto lugar na final dos cinco arcos no Mundial de Ginástica Rítmica, a técnica Camila Ferezin respondeu deixando claro que aquele resultado era injusto. O time brasileiro saiu de Valência, na Espanha, com a clara sensação de que foi roubado, que seu lugar era no pódio, no mínimo com a medalha de bronze. E com a esperança de que na próxima edição, em 2025, a medalha inédita venha em casa. Em Valência, o Brasil tinha o bronze até a apresentação das donas da casa, que levantaram o público e conquistaram os juízes, jogando o time verde-amarelo para o quarto lugar. Mas o que deixou as brasileiras furiosas foi a nota dada à Itália, que recebeu a mesma pontuação que o Brasil, com execução melhor (critério de desempate), mesmo cometendo dois erros graves. Os vídeos deixam isso claro. Em determinado momento, uma italiana deixa o arco cair no chão antes de pegá-lo. Em outro, uma ginasta da Itália não encontra o arco que havia sido jogado para ela, sente o aparelho quicar sobre suas costas, e só então o segura. Chama o "VAR"À técnica brasileira, uma árbitra disse que não tirou pontos da Itália pela queda do aparelho porque, de onde estava, não tinha visão do erro. Até o presidente da Federação Internacional de Ginástica (FIG), o japonês Morinari Watanabe, foi cobrado, e respondeu dizendo que pretende implementar um sistema de vídeo que "denuncie" falhas como as cometidas pela Itália a todos os árbitros. Além do fator objetivo (o árbitro ver ou não uma falha), há também um grande peso da subjetividade nas notas dadas pela bancas na ginástica, expecialmente a rítmica. Tradição importa, competir em casa importa, respeito importa, e o Brasil tem tentado, ao longo dos anos, atender também a esses critérios. Não à toa brigou para que o Pré-Olímpico de 2021 fosse no Rio. Agora, o objetivo da CBG é ter um Mundial no país, possivelmente no Rio. O problema são os custos. Dez dias após apresentar candidatura, o país tem que depositar 148 mil francos suíços na conta da FIG, o que dá cerca de R$ 800 mil. A CBG não tem esse dinheiro sobrando, e contava com a conquista da medalha em Valência para receber apoio de governos ou o COB. A Romênia já demonstrou interesse em receber o Mundial de 2025, mas, até onde a CBG sabe, a competição segue sem uma sede definida, e a vontade da entidade é que o torneio seja no Brasil, até como forma de abrir o novo ciclo olímpico já mostrando força para os árbitros. O "milagre" da classificação olímpicaEm Valência, o conjunto brasileiro foi sexto colocado no geral, na prova que soma as notas das duas séries, uma posição abaixo do resultado de 2022. Mas conquistou a tão almejada vaga olímpica, depois do que o grupo considerou "um milagre". Duda Arakaki, capitã da equipe, sofreu uma lesão no tornozelo logo no começo do primeiro treino em Valência. O grupo até contava com uma reserva, mas no papel que ela exerce dentro da quadra, Duda é tida como quase insubstituível. A comissão técnica então mandou chamar, em Aracaju, a ginasta que cumpre o mesmo papel dela no time B, Gabi Coradine. A reserva chegou a Valência na madrugada de terça para quarta-feira, mas não recebeu credencial. Para inscrevê-la, a CBG teria que retirar a inscrição de Duda, e existia uma chance, então mínima, de a capitã voltar. A solução para que Gabi treinasse sem ser incrita foi não treinar no ginásio da competição, mas em uma quadra da cidade, sem tablado. Enquanto isso, Duda treinava sozinha nos horários do Brasil no local oficial. Mesmo com dores, ela conseguiu competir, com uma botinha no pé direito, e ajudar o Brasil na vaga olímpica. "Pensei que ia competir, que precisava competir. Que eu ia fazer físio, que eu ia rezar e fazer tudo o que estivesse ao meu alcance para competir. Foram dias muito tensos...dúvidas, medos. Mas minha equipe não me permitiu que eu desacreditasse em momento algum", comentou Duda ao site da CBG. |
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