No mesmo dia em que os melhores boxeadores brasileiros subirão ao ringue em Santiago em busca da classificação para as Olimpíadas, os dirigentes da modalidade estarão sentados na frente do computador, aproveitando as atenções voltadas para o Chile, para tentar dar um golpe na presidência da Confederação Brasileira de Boxe (CBBoxe). Uma assembleia foi convocada para o dia 23 de outubro, terceiro dia de combates no Pan, para discutir "a destituição imediata" do presidente Marcos Brito. O edital de convocação, assinado por oito federações estaduais, não diz do que ele é acusado, mas ressalta que o cartola terá "amplo direito à defesa". A acusaçãoEm mensagens que circulam no meio do boxe, Brito é acusado de "desacatar" presidentes de federação estaduais, que pleiteiam mais espaço na diretoria. Eles também têm cobrado que o Comitê Olímpico do Brasil (COB) censure o técnico da seleção, Mateus Alves, que é funcionário do comitê e tem se posicionado internamente contra a destitituição do presidente da CBBoxe. O que está por trásBrito é presidente de primeiro mandato, depois de três ciclos olímpicos com o boxe comandado à mão de ferro por Mauro Silva, que hoje é diretor de arbitragem, presidente de honra, e apontado como a pessoa por trás do movimento que pretende derrubar Brito. A gestão Mauro foi marcada por ótimos resultados esportivos, mas também muitas queixas de concentração de poder. Com a seleção permanente, o presidente tinha controle sobre quem poderia defender o Brasil, e quem não poderia. O caso Adriana Araújo se tornou público porque ela foi bronze em Londres-2012, mas muitos outros atletas nunca tiveram oportunidade de defender a seleção, ganhar títulos e pôr a boca no trombone. Faça o que eu digo, não faça o que eu fizEnquanto o golpe é discutido, circula no boxe uma "proposta de mediação" que: - tira do presidente da CBBoxe o poder de desfiliar uma federação, mesmo as que não cumprem as exigências legais;
- dá prazo até março de 2025 para elas corrigirem irregularidades;
- exige o afastamento imediado de Brito se ele "estimular direta ou indiretamente" uma dissidência interna nas federações;
- e cria uma regra que qualquer decisão dele precisa do aval do vice.
Não curiosamente, a proposta impede Brito de fazer todas as manobras que notabilizaram a gestão de seu antecessor. Por anos, federações de oposição foram desfiliadas para dar lugar a CNPJs alinhados a Mauro. No Rio, por exemplo, saiu a "Federação de Boxe Fluminense" e entrou a "Federação de Boxe do Estado do Rio de Janeiro". São Paulo, maior força do boxe brasileiro, não tem federação reconhecida. Futuro da confederaçãoSe Brito for destituído, quem assume é o vice Carlos Renato Sorbile. Ontem (2), os dois quase trocaram socos durante reunião do Conselho Administrativo, na sede da entidade, em São Paulo. Só não chegaram às vias de fato porque foram separados. Os boxeadores da seleção, que deveriam estar focados no Pan, que vai classificar os finalistas à Olimpíada, agora estão preocupados com a briga política, e com o risco de demissão do técnico que ganhou duas vezes o Prêmio Brasil Olímpico de melhor do país entre todas a modalidades. E torcem para que as coisas não voltem a ser como eram antes. |
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