O depoimento do ex-CEO das Americanas Miguel Gutierrez à CVM em 16 de março, ao qual o UOL teve acesso com exclusividade, ilustra a cultura corporativa de abuso contra fornecedores e obcecada por resultados e repartição de bônus a executivos da companhia, nem sempre de forma transparente. O retrato que se pinta a partir dos depoimentos é o de uma empresa de olho no mercado financeiro e no aumento de seu valor de mercado, já que a remuneração dos diretores tinha ligação direta com o desempenho dos papéis. A conta da atividade-fim ficava, então, com os fornecedores dos produtos vendidos nos serviços da Americanas. Primeiro, a varejista comprava comprometendo-se a pagar em 30 dias, depois mudava unilateralmente o prazo para 90 dias. As Americanas entraram em recuperação judicial em janeiro e, desde então, cerca de 15 mil fornecedores em todo o país arcam com prejuízos. Tanto a atual direção da companhia quanto o atual conselho de administração, indicado pelos acionistas de referência, rechaçam a responsabilidade por práticas lesivas aos fornecedores. O depoimento de Gutierrez sobre práticas predatórias da Americanas integra a edição desta quarta-feira do UOL Prime. Na segunda-feira, o UOL revelou que Gutierrez disse à CVM em março e à Polícia Federal em junho que todas as decisões que ele tomava à frente da empresa eram discutidas previamente com Carlos Alberto Sicupira, um dos acionistas de referência, ao lado de Jorge Paulo Lemann e Marcel Telles, que também são donos da Ambev. Na ocasião, as Americanas acusaram Gutierrez de mentir sobre receber ordens de qualquer acionista com o "objetivo eximir sua responsabilidade e sua relação direta com a fraude de resultados identificada". ► LEIA A MATÉRIA COMPLETA NO UOL PRIME Reportagem de Graciliano Rocha e Pedro Canário, do UOL, em São Paulo |
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