Operações policiais levaram à morte de 35 pessoas nos últimos cinco dias nos estados de São Paulo e Bahia, de acordo com dados divulgados pelas autoridades na última terça-feira (1). Na Baixada Santista de São Paulo, 16 pessoas morreram durante ação policial que se sucedeu ao assassinato de um soldado da Rota, na noite da última quinta-feira (27). Na ocasião, o governador Tarcísio de Freitas alegou que é necessário que haja justiça pela morte do policial e que os suspeitos morreram após "entrarem em confronto com as forças de segurança". O UOL ouviu moradores da região que denunciaram casos de tortura e ameaças por parte dos agentes. Outras 19 pessoas morreram no estado da Bahia em ações realizadas nas cidades de Salvador, Camaçari e Itatim, segundo a Polícia Militar do Estado. Na zona rural de Itatim, oito pessoas foram mortas, incluindo três adolescentes, após a polícia entrar na região por uma denúncia de porte de armas e drogas. A cidade só havia registrado 1 homicídio este ano. Ações da polícia que terminam em morte são comuns no Brasil. De acordo com dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o Brasil registrou mais de 6.420 mortes por agentes da polícia em 2022, o que equivale a 17 por dia. Os números também mostram que a população mais vitimada é a dos jovens negros. Mais de 83% das pessoas que morreram em intervenções militares eram negras e 45% tinham entre 18 e 24 anos. Como é o caso de Kathlen Romeu, de 24 anos, que foi atingida por um tiro de fuzil no Complexo do Lins, no Rio de Janeiro, em junho de 2021. De acordo com o advogado Thiago Amparo, o Brasil tem um histórico consolidado de chacinas desencadeadas por mortes de agentes das corporações policiais e o fato de as pessoas negras serem as mais prejudicadas têm relação com o racismo e a impunidade. "Há até um nome popular e midiático para a prática, "operação vingança", como se os crimes não fossem levados a cabo por agentes do Estado, que formalmente tem leis, ritos, parâmetros judiciais para punir quem incorre em delitos. O fato dessa sede de sangue encontrar, em sua maioria, pessoas negras, é, em parte, uma consequência do racismo, que acaba autorizando - e muitas vezes, como fez o governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas - legitimando tais condutas das forças de segurança. Operações por vingança não é policiamento, no sentido de segurança na forma da lei; é matança por vingança pessoal e, quando o resultado é morte, configura homicídio que deveria ser investigado e punido." Thiago Amparo, advogado Em entrevista ao UOL, o professor de direito da FGV Wallace Corbo também pontua que a Polícia Militar é uma instituição do Estado e deveria agir dentro dos limites da lei no Estado Democrático de Direito. *** PENSADORA... Para Bianca Santana, uma das principais pensadoras do racismo brasileiro na atualidade, o trabalho doméstico é resquício da escravidão. Formada em jornalismo, mestre em educação, doutora em ciência da informação e escritora, Bianca bateu um papo com o UOL Ecoa sobre seus livros, trabalho doméstico e pensadoras negras. JOGADORA... Iracema Ferreira, a Rata, ex-jogadora da seleção brasileira e uma das pioneiras do futebol feminino no Brasil, foi até expulsa de casa por jogar futebol. Agora, ela deseja que o caminho seja mais fácil para as próximas gerações de mulheres no esporte. *** |
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