A covid disparou uma outra epidemia pelo mundo: um surto de corrupção, envolvendo empresas, governos e políticos, sem distinção entre ricos e pobres nem restrito a alguma parte específica dos continentes. A reportagem é do colunista Jamil Chade. De acordo com a Transparência Internacional, gastam-se US$ 7,5 trilhões por ano no mundo na área de saúde. Mas US$ 500 bilhões são desperdiçados na corrupção. Segundo pesquisa de opinião feita pela entidade, de cada cinco pessoas, uma admite já ter pagado propina para garantir tratamento de saúde. As vacinas são foco de preocupação devido às negociações aceleradas pela urgência da pandemia e mudanças nas leis para liberar os imunizantes. Em diversos países, estão sendo investigadas pessoas por desviarem produtos ou dinheiro que deveriam ajudar as pessoas. Documentos obtidos pelo colunista a partir de diferentes investigações e auditorias revelam que nem mesmo a OMS (Organização Mundial da Saúde) foi poupada. No centro da apuração, está o esforço da entidade para comprar máscaras, luvas e material de proteção que seriam enviados aos países mais pobres do mundo em 2020. A OMS tentou explicar suas decisões, insistindo que as medidas tomadas tinham como objetivo garantir o abastecimento de países que passavam por necessidades. A resposta deve ser o fortalecimento de medidas de controle, ainda que especialistas alertem que o reconhecimento do risco de corrupção veio tarde demais.
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