Já alertado pelo laboratório AstraZeneca sobre a ausência de intermediários na venda de vacinas contra a covid-19, o Ministério da Saúde soube de, pelo menos, duas ofertas suspeitas de imunizantes da empresa, segundo documentos enviados pelo governo à CPI da Covid. Mas a pasta só comunicou o fato à Polícia Federal na primeira ocasião, em janeiro. A reportagem é de Eduardo Militão e Luciana Amaral. À época, um empresário do Espírito Santo se apresentou falsamente como intermediário da venda de vacinas da AstraZeneca no Brasil. Sabendo que a farmacêutica tratava apenas diretamente com governos, o então secretário-executivo do ministério, Elcio Franco, comunicou a polícia, que abriu um inquérito e fez buscas e apreensões. O UOL apurou que não há, porém, registro de que a PF tenha sido acionada pelo ministério na segunda oferta, ocorrida menos de um mês depois. Em fevereiro, o Ministério da Saúde passou a ser procurado por outra empresa que se apresentava como intermediária de imunizantes. Era a Davati Medical Supply, representada pelo policial militar e vendedor autônomo Luiz Paulo Dominghetti. Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo e, posteriormente, à CPI da Covid, o policial acusou um ex-diretor de logística do Ministério da Saúde de pedir propina para levar a negociação com o governo adiante. A PF só abriu investigação relacionada a Dominghetti e à Davati depois que o caso se tornou público, em junho. Procurado, o Ministério da Saúde não comentou. Elcio Franco foi procurado, mas não foi localizado. Em nota, a PF disse apenas que "os fatos noticiados pelo Ministério da Saúde estão sendo investigados em inquérito policial, que corre em sigilo".
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