| |  | | Ricardo Bufolin/CBG |
| | | | | | 5 números para medir o tamanho do feito de Rebeca Andrade | | A esta altura, o querido leitor e a querida leitora já sabem que Rebeca Andrade ganhou cinco medalhas no Mundial de Ginástica Artística. A saber: ouro no salto, prata no individual geral, por equipes e no solo, e bronze na trave. Nunca um brasileiro havia ganhado tantas medalhas em um mesmo Mundial, de qualquer modalidade olímpica. Mas o feito de Rebeca é gigante não só quando colocado em perspectiva dentro do esporte brasileiro. Também da ginástica, e alguns números mostram isso: 22O site The Medal Count tem um ranking que dá pontos diferentes para ouro, prata e bronze, em Mundiais e Olimpíadas. Rebeca, que até 30 meses atrás tinha zero pontos, agora tem 22. Está a um da romena Nadia Comaneci, na 19ª colocação. À frente dela, só romenas, russas, norte-americanas e atletas de países que não existem mais (Tchecoslováquia, URSS e Alemanha Oriental). Se na Olimpíada de Paris-2024, a brasileira só repetir o que conquistou em Tóquio-2020, entra para o top10 da história. Mas, em forma, deverá fazer muito mais. 3Da mesma fonte: só três vezes, na história das grandes competições, duas ginastas ganharam cinco ou mais medalhas cada. Em 1987 e 2001, com dobradinhas Romênia x Rússia. E agora, com Simone Biles e Rebeca. Para a história! 26Aos 26 anos, Simone Biles quebrou dois recorde etários na Antuérpia: a atleta mais velha a disputar um Mundial pelos EUA e a mais velha a ser campeã mundial do individual geral. E por que isso importa para Rebeca? Porque mostra que longevidade e resultados combinam, sim, na ginástica. Biles já disse que vai parar após Paris-2024. Em 2025, será a brasileira a ter 26 anos, sem a concorrência da melhor da história. 11ªComo observou o perfil Gymnastics Wikipedian, que abastece a enciclopédia virtual com informações sobre ginástica artística, Rebeca se tornou só a 11ª ginasta do mundo a ter, em sua coleção, medalhas em todas as seis provas da modalidade (equipe, individual geral, solo, trave, salto e barras). Neste século, só Biles e a russa Aliya Mustafina haviam conseguido isso. A brasileira é a terceira. 3ºMuito graças aos resultados de Rebeca, mas também à prata do Brasil por equipes e o bronze de Flávia Saraiva no solo, o país fechou o Mundial só tendo ido menos vezes ao pódio do que EUA (11) e China (sete). Com seis medalhas, ficou à frente até do Japão, que ganhou cinco. Isso em um Mundial Pré-Olímpico, quando quem tinha que tirar o pé, como Biles, já tirou. | | |  | | Ricardo Bufolin/CBG |
| | | | | | Mais 5 comentários sobre o Mundial | Não faz muito tempo, o Brasil precisava de uma semana inteira de Olimpíada para ganhar seis medalhas. Na semana passada, ganhou tudo isso, e fez outros resultados interesssantes, em um único Mundial de ginástica artística. Dá para falar muita coisa sobre, mas vamos resumir em apenas mais cinco pontos. 1 - O esporte brasileiro colhe os frutos da paciência e do investimento. Flávia Saraiva se classificou a 11 finais de grandes eventos (três de Olimpíadas, oito de Mundiais) até ganhar sua primeira medalha. Foram sete anos e algumas lesões entre o quinto lugar na trave na Rio-2016 e o mais que merecido bronze no solo em 2023. Valeu a pena esperar. 2 - A frase acima deve ser multiplicada por cinco quando o assunto é Jade Barbosa. Ela esperou incríveis 13 anos para voltar ao pódio de um Mundial. Nesse período, passou por todo tipo de turbulência, todo tipo de lesão e não sucumbiu à tentação da aposentadoria. Foi irmã mais velha, amiga, mãe, referência para as mais novas, principalmente Flavinha. E agora colhe os frutos, aos 32 anos, por ela e pelas que vieram antes dela, com a prata por equipes. 3 - Rebeca Andrade briga, sim, por seis medalhas em Paris. A tendência é ser um caminho mais difícil, mas ainda assim possível. A Itália promete ter uma equipe fortíssima, as russas podem voltar nas provas individuais, mas o Mundial Pré-Olímpico serve sempre de referência. Na trave, onde ela sempre teve mais dificuldade (ou menos facilidade?), fez o melhor na hora H pra levar o bronze. Nas assimétricas, não pegou final, mas chegou a fazer um 14,500 que valeria quinto lugar na final, à frente de Biles. Tirar 0,266, para quem cresce em finais, seria muito possível. 4 - A ginástica masculina do Brasil ficou fora da Olimpíada por equipes, mas ainda pode fazer bonito em Paris. Diogo Soares terminou em 10º no individual geral, apesar de ter só 21 anos. Caio Souza, nosso melhor generalista nos últimos sete anos, só chegou no top10 no Mundial passado aos 29 anos. Diogo merece o investimento e a paciência que Rebeca e Flávia receberam. 5 - Arthur Nory ainda não se classificou a Paris, mas pode conseguir a vaga pelo circuito de Copas do Mundo do ano que vem, na barra fixa. Se conseguir um dos dois passaportes em disputa, poderá competir em todas as provas nas Olimpíadas. Mas sem a pressão da prova por equipes, poderá focar onde tem mais chance de medalhas. Já Arthur Zanetti operou o ombro e, ao que tudo indica, caminha para a aposentadoria. | | |  | | Daniel Ramalho/AFP |
| | | | | | Seleção de vôlei dentro da Olimpíada; Renan fora da seleção | Renan Dal Zotto não suportou, física e psicologicamente, a pressão que sofria como treinador da seleção brasileira masculina de vôlei. E não quis pagar para ver como seria a reação da torcida e da diretoria da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) no caso de a equipe não conquistar a vaga pelo Pré-Olímpico. O que aconteceu?Na noite anterior à 'final' contra a Itália, pediu demissão. No domingo, levou a equipe à vitória, repetindo o resultado da final olímpica de 2016 no mesmo Maracanãzinho fervilhante, e só depois anunciou sua saída para a imprensa e para o próprio grupo de jogadores. É uma pena que a decisão tenha sido tomada por razões de saúde, como ele alegou. Mas as circunstâncias levaram a isso. Renan vinha tendo seu trabalho justamente criticado, por causa de resultados ruins. Este colunista mesmo sugeriu que ele deveria sair depois de perder o Campeonato Sul-Americano. Críticas e saúdeNo Pré-Olímpico, o Brasil quase perdeu um set para o fraquíssimo Qatar, levou sufoco de República Tcheca e Ucrânia e perdeu da Alemanha. Tudo isso jogando em casa. É claro que a reação da torcida foi crítica, e o alvo não poderia ser outro senão o técnico. O torcedor (e a imprensa) estavam no direito de reclamar, de pedir a demissão. Só que isso não fez bem a Renan. Ainda com resquícios da covid que quase o matou antes de Tóquio-2020, o treinador lia as críticas que recebia, e reagia mal a elas. Ficou abatido, triste, e treinar a seleção deixou de ser prazeroso ou saudável. Não havia como continuar, e ele se antecipou a qualquer decisão que a CBV pudesse tomar. Renan segue ídolo do vôlei brasileiro, mas não mais treinador da seleção. Bernardinho vem aí?É muito, mas muito provável, que Bernardinho seja chamado para a missão. Ele chegou a aceitar treinar o time em Tóquio, quando Renan estava doente, e conhece parte do grupo muito bem. Além disso, o fato de Renan, seu amigo, não estar mais no cargo, evita qualquer sensação de que um tirou o lugar do outro. Nos últimos dois anos, a seleção mostrou que tanto pode ser campeã olímpica quanto eliminada só com derrotas na primeira fase. Com a camisa pesada que tem o Brasil, a segunda opção é intolerável. A seleção precisa recuperar a confiança para ir a Paris com a única hipótese de brigar por medalha. | | |  | | Queniano Kelvin Kiptum pode se tornar o primeiro homem a correr uma maratona abaixo de 2 horas | | KAMIL KRZACZYNSKI/AFP |
| | | | | | Olimpílulas | O Mundial de Ginástica Artística e o Pré-Olímpico de Vôlei concentraram as atenções, mas muita coisa importante aconteceu na última semana para o esporte olímpico brasileiro. Skate Park - O fim de semana coroou Luigi Cini vice-campeão do Mundial de Skate Park disputado em Roma. O curitibano de apenas 21 anos já havia vencido o Pro Tour de San Juan (Argentina), em maio. Até aqui, a World Skate só fez três eventos válidos para o ranking olímpico: eses dois, e o Mundial do começo do ano (oficialmente válido como de 2022), em que Augusto Akio foi prata e, Pedro Barros, bronze. No domingo, eles foram quinto e sexto, respectivamente. Os três têm vaga encaminhada para Paris e têm tudo para brigar por pódio na Olimpíada. No feminino, ainda não foi dessa vez que o Brasil foi ao pódio em um Mundial da World Skate, mas Raicca Ventura passou muito perto, terminando em quarto lugar. A britânica Sky Brown, que não competiu por estar machucada, e a japonesa Kokona Hiraki, que liderou o Mundial inteiro, ambas de 15 anos, parecem estar um patamar acima de todo mundo. Mas Raicca, de 16, vem logo atrás. Uma vaga olímpica será dela. Das três que foram a Tóquio (Yndiara, Dora e Isadora), uma vai ficar de fora. No Mundial, Yndi foi a única que não chegou à semi. Skate Street - O fim de semana também foi de competição internacional de park: a etapa da SLS em Sydney. No feminino, a australiana Chloe Covell, fenômeno de 13 anos, venceu em casa, mas Rayssa Leal foi prata. As duas vão disputar pódio com as japonesas em Paris. No masculino, uma ótima notícia para o Brasil: a vitória de Felipe Gustavo, 32 anos, a primeira dele em um evento deste porte. Na Olimpíada, o time brasileiro deverá ter Kelvin Hoefler (bronze no Pro Tour de Roma), Giovanni Vianna (bronze no Pro Tour de Lausanne) e ele. Atletismo - Este fim de semana vai ficar para sempre na história do esporte olímpico, e a razão não tem nada a ver com ginástica, vôlei ou skate. Oito de outubro de 2023 é o dia que o queniano Kelvin Kiptum se tornou recordista mundial da maratona, menos de um ano depois de estrear na distância. Ele desbancou o compatriota Eliud Kipchoge, um astro mundial, maior maratonista de todos os tempos, e fez isso aos 23 anos. Kipchoge, por exemplo, só virou recordista aos 32. O mais impressionante é que Kiptum faz provas negativas (corre mais rápido na parte final do que no início) e, ao vencer a Maratona de Chicago, disse que não sentia nenhuma dor. Com uma carreira inteira pela frente, e um nítido potencial de correr mais rápido, ele tem tudo para ser o primeiro ser humano a completar uma prova oficial abaixo de 2h00. E não se surpreenda se isso acontecer já no começo do ano que vem. | |
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