Olá, A economia da China atravessa o momento mais desafiador de sua história recente, e muitos especialistas apontam que o período de crescimento acelerado da segunda maior economia do mundo pode ter terminado. Desde 1978, quando o então líder chinês Deng Xiaoping deu início a uma série de reformas que alterariam completamente os modelos econômico, diplomático e social do país, a China experimentou um crescimento sem precedentes, deixando de ser um país agrário e pouco produtivo para se transformar no motor da indústria global. Com a abertura gradual da economia, a China passou a receber cada vez mais investimentos estrangeiros, e, posteriormente, o próprio governo chinês começou a investir pesado na indústria local, sempre com foco na exportação. Foram quatro décadas de crescimento acelerado e aumento da participação chinesa em diversos mercados, que vão desde a produção têxtil até a indústria eletroeletrônica. Evidentemente, o desenvolvimento econômico do país mais populoso do mundo demandou inúmeros recursos, o que beneficiou países emergentes produtores de commodities e forçou uma aproximação da China com inúmeros países sul-americanos e africanos. Hoje, a China é o principal parceiro comercial de inúmeros países espalhados por todo o globo, dentre os quais está o Brasil. Contudo, esse crescimento exponencial tem limites, e parece que a era de desenvolvimento acelerado pode ter terminado. Isso está longe de significar o colapso da economia chinesa, que se tornou "grande demais parar quebrar", mas é evidente que o crescimento chinês já começou a desacelerar - e essa parece ser a tendência para os próximos anos. Atualmente, boa parte do desempenho mais fraco da China é atribuído à política de Covid Zero implementada pelo governo, mas a realidade é que há uma série de outros fatores que precisam ser levados em consideração. Em primeiro lugar, o setor imobiliário, que foi um dos motores da economia chinesa ao longo das últimas décadas, enfrenta uma crise sem precedentes, uma vez que o modelo de crescimento do setor, fomentado pelo endividamento das incorporadoras, parece ter se esgotado. Com as companhias do ramo altamente endividadas e sem perspectiva de conseguir arcar com esses compromissos, muitos compradores têm deixado de pagar suas prestações, temendo que os novos empreendimentos não sejam entregues. Esse problema contribui para agravar ainda mais o problema bancário do país, uma vez que o crédito imobiliário representa aproximadamente 26% dos empréstimos cedidos na China. O setor de construção já chegou a responder por cerca de 25% do Produto Interno Bruto (PIB) chinês, e consome a maior parte do aço produzido e importado pela nação. Além disso, visando reduzir a emissão de carbono na atmosfera, o governo tem imposto duras restrições a setores mais poluentes, como o siderúrgico, provocando uma inevitável queda da produção, devido aos maiores custos. Dessa forma, espera-se que o país siga reduzindo sua produção de aço ao longo dos próximos anos. As mudanças sociais enfrentadas pela China também devem influenciar os rumos da nação ao longo dos próximos anos. Com uma população cada vez mais urbana e consumista, a sociedade chinesa passa por uma profunda transformação que expõe as contradições entre o seu modelo político socialista e o modelo econômico fortemente influenciado pelo capitalismo ocidental. Além disso, a pirâmide etária do país está mudando, e é esperado um encolhimento e um envelhecimento da população local, o que deve forçar o governo a reforçar seus sistemas previdenciário e de saúde, o que tem um custo elevado. Dessa forma, é esperada uma desaceleração do crescimento chinês mesmo passada a pandemia do coronavírus e baixadas as restrições impostas atualmente pelo governo. Leia no 'Investigando o Mercado' (exclusivo para assinantes UOL, que têm acesso integral ao conteúdo de UOL Investimentos): informações sobre o processo de licitação do novo terminal do Porto de Santos. Um abraço, Rafael Bevilacqua Estrategista-chefe e sócio-fundador da Levante ********** NA NEWSLETTER A COMPANHIA A newsletter A Companhia desta semana traz uma análise das ações da Ambev, que devem ser favorecidas por fatores como a Copa do Mundo e a melhora no nível de emprego no país, que pode aumentar a renda da população, elevando o consumo dos produtos da empresa. Para se cadastrar e receber a newsletter semanal, com análise detalhada de uma empresa por semana, clique aqui. Queremos ouvir vocêTem alguma dúvida ou sugestão sobre investimentos? Mande sua pergunta para duvidasparceiro@uol.com.br. |
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