Em março, Anitta comemorou o feito de ser a primeira cantora brasileira a alcançar o topo da lista das músicas mais ouvidas do Spotify. Na semana seguinte, foi destaque no Coachella, um dos maiores festivais de música do mundo. Se a "marca" Anitta tem feito sucesso no exterior, quais são as outras empresas brasileiras que brilham mundo afora? Que produtos daqui são mais desejados no exterior? As empresas brasileiras mais internacionais são, basicamente, as que fabricam produtos para outras empresas, também conhecidas como "b2b" ("business to business", em inglês), segundo o ranking "Trajetórias FDC de Internacionalização das Empresas Brasileiras", publicado pela Fundação Dom Cabral, no final de 2021. "Muitas das empresas do ranking são b2b, então os consumidores não conhecem. Algumas voltadas para o consumidor final trabalham mais no modelo de franquias", afirma Lívia Barakat, professora e pesquisadora do Núcleo de Estratégia e Negócios Internacionais da Fundação Dom Cabral. O estudo leva em consideração as receitas e os funcionários das empresas no exterior. Foram analisadas 154 companhias. Veja quais são as mais internacionais: - Fitesa (fabricante de não-tecidos)
- Artecola (indústria química)
- Metalfrio (de soluções de refrigeração comercial)
- CZM (equipamentos para perfuração)
- Stefanini (consultoria digital).
A primeira marca que aparece no ranking e tem produtos à venda para o público em geral é a Tigre, na nona posição. Mas Lívia destaca outras quatro marcas que são sucesso fora do país: Natura (26ª), Havaianas (que pertence à Alpargatas, 35ª), Chilli Beans (36ª) e Localiza (que não aparece entre as 50 primeiras do ranking geral, mas é a 1ª colocada no índice de franquias). Veja um breve perfil de cada uma mais abaixo. "Antigamente, as marcas não iam para fora antes de se tornar líderes no país. Isso mudou, principalmente por causa de novas tecnologias, da transformação digital, facilidade nos meios de pagamento e mobilidade internacional. Hoje em dia, as empresas não esperam a marca dominar o mercado doméstico para internacionalizá-la", diz Lívia. 'Ser brasileiro nem sempre é legal lá fora'Vivian Strehlau, professora do mestrado profissional em Comportamento do Consumidor da ESPM-SP (Escola Superior de Propaganda e Marketing), diz que "ser brasileiro" nem sempre é legal lá fora. "Os que mais valorizam as marcas brasileiras são os latino-americanos. Elas são mais neutras aos olhos do público europeu e norte-americano", diz. "A marca, em si, tem que ser bem construída. Só dizer que é brasileiro não adianta mais" Vivian Strehlau "A Natura, por exemplo, não começou bem no exterior, por sofrer na competição com grandes marcas globais. Conseguiu grande destaque com as aquisições recentes de marcas como Avon e The Body Shop e também por meio de uma proposta de valor pautada na sustentabilidade. Ter uma empresa que cuida disso, de forma genuína, consegue até mudar a visão do Brasil lá fora", diz Livia. Confira a atuação internacional de cada uma das empresas destacadas pela professora da Fundação Dom Cabral. Chilli BeansA Chilli Beans, fundada em 1997, hoje atua 16 países, como Estados Unidos, Portugal, Kwait e Austrália. A marca pretende chegar à Europa, em parceria com o grupo varejista alemão Himmer, e à Índia, ainda em 2022. Ela atua por meio de franquias, nos formatos de loja ou quiosque. Pouco mais de 15% do faturamento da empresa vem da operação do exterior. HavaianasA Havaianas está presente em mais de 120 países. Na grande maioria, atua com operação própria, mas também opera via distribuição local em alguns lugares. O início da internacionalização da marca aconteceu no final dos anos 1990. Em 2007, abriu operação própria nos EUA, com escritório em Nova York. Um ano depois, iniciou sua atuação em Madri, na Espanha, onde opera até hoje para todo mercado europeu. Hoje, a marca tem 237 lojas no exterior —sendo 37 próprias. LocalizaA Localiza iniciou sua expansão internacional no início dos anos 90, por meio de franquias. A Argentina foi o primeiro país a receber uma agência da marca fora do Brasil. Hoje, tem 74 lojas no exterior, distribuídas em quatro países: Argentina, Paraguai, Equador e Colômbia —onde é, inclusive, líder do segmento no país. NaturaA Natura nasceu em 1969, em São Paulo. Hoje, é encontrada em 11 países (Argentina, Bolívia, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Estados Unidos, França, Malásia, México e Peru) e tem mais de dois milhões de consultoras e cerca de 600 lojas próprias e franqueadas. Em fevereiro de 2018, a Natura Cosméticos, a Aesop (adquirida em 2013) e a The Body Shop (adquirida em 2017) se reuniram sob o nome Natura &Co, um grupo global de cosméticos. Em 2020, a Avon se juntou ao grupo. Hoje, a Natura &Co está presente em mais de cem países, com mais de 7,7 milhões de representantes, além de 3.700 lojas. |
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