A mais recente pesquisa Datafolha, que começou a ser divulgada na quinta-feira (26), inaugurou uma nova fase na pré-campanha presidencial. O crescimento das intenções de voto em Lula (PT) redefiniu as estratégias e teve como efeito colateral aumentar a tensão nos bastidores dos mundos político e jurídico do país. O levantamento quantificou aquilo que os analistas, políticos e estrategistas das pré-campanhas já vinham antevendo, a importância do cenário econômico na definição do candidato Segundo o Datafolha, 53% dos brasileiros consideram que a situação econômica está tendo "muita influência" na sua decisão de voto. Outro fator importante em termos de cenário eleitoral: a divulgação do levantamento, analisado no Radar das Eleições do UOL, ocorreu quando a chamada terceira via parece ter definido seu rosto na pré-campanha, o da senadora Simone Tebet (MDB-MS), após João Doria (PSDB) ter desistido da disputa. Por tudo isso, é possível dizer que a partir desta semana todos os pré-candidatos a presidente passarão a deixar mais claros seus objetivos estratégicos, ao menos em termos de comunicação, nesta fase da disputa. Com larga vantagem, conforme mostra o Agregador de Pesquisas do UOL, o time de Lula retoma o objetivo de liquidar a disputa ainda em primeiro turno. Sob nova direção na comunicação, o PT vai pontuar as diferenças entre o ex-presidente e Bolsonaro, acentuando a mensagem de que "o amor vai vencer o ódio" e chamando a atenção para o cenário econômico. O partido vai abordar, por exemplo, as iniciativas armamentistas do atual presidente, lembrando que a questão está no cerne dos debates nos EUA sobre o mais recente massacre de crianças em uma escola, ocorrido semana passada. Do outro lado da disputa, Bolsonaro já começou a gravar as (muitas) inserções do PL que serão exibidas em junho. Do que se sabe até agora, a primeira-dama do país, Michelle, fará participação para tentar diminuir a rejeição do marido no eleitorado feminino. O presidente, em tom informal, também deverá abordar os problemas que afligem os brasileiros e falar do benefício pago por seu governo aos mais desfavorecidos. Segundo apurou este colunista, porém, tanto o time de Lula quanto o de Bolsonaro passaram a avaliar o uso de ações de comunicação que tenham por objetivo aumentar a rejeição de seus oponentes já nesta fase da pré-campanha. No caso do presidente, o método teria por objetivo frear o crescimento do petista. Do outro da trincheira, a avaliação é de que aumentar a rejeição de Bolsonaro pode garantir a vitória de Lula ainda no primeiro turno. O objetivo da pré-campanha de Simone Tebet, que também terá inserções de rádio e televisão no decorrer dos próximos meses, é tornar a senadora mais conhecida do eleitor. Reservadamente, os responsáveis pela comunicação da pré-candidata são cautelosos em termos de crescimento quantitativo nas pesquisas, diferentemente de muitos políticos que orbitam a terceira vai: ela só deverá começar a crescer substancialmente a partir de julho e agosto. Por ora, o objetivo permanece sendo o de apresentar Simone Tebet aos brasileiros. No QG de Ciro Gomes a ordem é evitar o crescimento da onda pelo "voto útil" em Lula ainda no primeiro turno. O pré-candidato do PDT seguirá firme em sua toada de criticar o ex-presidente petista, mas, a partir de agora, com foco nas questões econômicas. Ciro insistirá na tese de que o modelo de crescimento utilizado e "reciclado" pelo PT é antiquado e não se adapta à nova realidade do Brasil e do mundo. Nos bastidores, as dúvidas colocadas sobre as mesas dos comitês, gabinetes e escritórios da Faria Lima, em São Paulo, são de outra natureza, que não é a da comunicação eleitoral: 1) Há alguma chance de a economia melhorar até a eleição? 2) Em situação complicada, Jair Bolsonaro atuará dentro das quatro linhas, como ele gosta de dizer? 3) Para além da campanha eleitoral, se for derrotado, Bolsonaro respeitará o resultado das urnas? Os próximos dias também podem indicar respostas para essas perguntas. |
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