Anos e anos atrás assisti a uma ótima Ted Talk sobre lugares com as maiores taxas de longevidade do planeta: as chamadas Zonas Azuis. O palestrante trouxe fatos e curiosidades sobre a vida na Sardenha, na Itália, em Okinawa, no Japão, e em uma comunidade adventista nos EUA, localidades onde é comum uma pessoa passar dos 100 anos de idade. Pesquisando os estilos de vida das populações desses locais, cientistas chegaram em uma lista de 9 princípios para quem também quer ter uma vida longeva, e eu gostaria de falar sobre o primeiro desses princípios (vejam a palestra para descobrir os outros). Ele diz que devemos nos "mover naturalmente". Como assim, nos mover naturalmente? Todo mundo se move naturalmente, não? Pois bem, de acordo com eles, não. Eis a explicação com base na rotina das pessoas das Zonas Azuis (trecho tirado do vídeo): "Essas mulheres centenárias de Okinawa ficam se levantando e abaixando no chão, elas sentam no chão, 30 ou 40 vezes por dia. Sardenhos moram em casas verticais, sobem e descem as escadas. Cada jornada até a loja, ou à igreja ou à casa de um amigo ocasiona uma caminhada. Não há nenhum botão para apertar para fazer o trabalho no quintal ou o trabalho doméstico. Se eles querem fazer um bolo, eles fazem na mão. Essa é a atividade física. Isso queima calorias tanto quanto andar em uma esteira. Quando eles fazem uma atividade física intencional, é uma coisa que eles curtem fazer. Eles tendem a caminhar, a única maneira comprovada de protelar o declínio cognitivo, e todos eles tendem a ter um jardim." Tipo, essa galera não chega aos 100 anos facilmente porque todo mundo é rato de academia, mas sim porque são pessoas constantemente ativas, mexendo naturalmente todas as partes do corpo ao longo do dia. Foda, né? Esse hábito chamou muito a minha atenção pois sempre condicionei a boa saúde física/corporal com exercícios físicos e a prática de esportes. Eu, que já odiava academia, agora não só tinha uma nova informação relevante para a minha vida, mas também um argumento para nunca pisar em uma kkkk Movimentar-se naturalmente virou o lema da minha vida. Me acostumei a prestar atenção à minha rotina para que esses exercícios naturais aparecessem e, em caso contrário, me cobrava para ser mais ativo. "Eu preciso estar me movendo naturalmente, eu preciso estar me movendo naturalmente", diz minha voz interior de tempos em tempos. Pois bem, mas isso não tem sido fácil. Se no passado eu caminhava diariamente até a sede da Shoot, fazia tudo a pé, de bike ou de ônibus e subia escadas diariamente por motivos de prédio sem elevador, hoje a realidade é outra. O trabalho é remoto, fiz um upgrade de moradia para um edifício com elevador, pedir tele-entrega ficou mais fácil, o Uber nasceu e se antes todas as compras eram carregadas no braço, agora quando bate a preguiça elas chegam diretamente à minha porta. Trabalhando em casa, passo facilmente entre 6 e 7 horas na frente do computador. Faço minhas pausas, subo escadas (nem sempre), adoro limpar a casa e fazer o trabalho braçal necessário para ela ficar limpa, mas mesmo assim eu estou longe, ao meu ver, de um estilo de vida "mover-se naturalmente". Soma-se a isso os dois aninhos de pandemia e isolamento social e temos um corpo sedentário. Já sentindo o cheiro dos 40 anos, parar de caminhar tanto, de andar de bike e ser menos ativo pesaram bastante. Falei ao final da news passada sobre ter entrado numa academia pela primeira vez, e essa é a nova realidade. Precisei mexer meu corpo de forma "artificial" pois naturalmente não estava rolando. E foi difícil aceitar que era necessário. A vozinha falando "eu preciso estar me movendo naturalmente, eu preciso estar me movendo naturalmente" ainda está lá, e tive que convencê-la de que eu precisava de ajuda. Deixei a teimosia de lado e me matriculei numa academia aqui do bairro. E que coisinha bem chata. Nossa senhora. Por que tem gente que gosta? Eu realmente prefiro carregar minhas compras, subir escadas, pedalar, caminhar no sol da cidade. Pretendo fazer mudanças na minha rotina para resgatar os movimentos naturais, e, se tudo der certo, sair logo dessa chatice de exercícios repetitivos. Seria irado chegar aos 100. E seria irado que isso acontecesse com o mínimo possível de tempo passado dentro de uma academia. |
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