Olar! Esse e-mail contém: - um combo poema + desabafo
- mentoria gratuita de voluntariado em viagens
- dicas de canais e grupos no Telegram
- episódios de podcasts maravilhosos
- livros que me arrebataram nos últimos meses
A falta de liberdade tá apertando por aí também? Sede desperto desértica.⠀ ⠀ bebo toda a água de casa,⠀ mergulho em banhos gelados.⠀ ⠀ pele seca⠀ garganta seca⠀ olhos secos⠀ ⠀ a secura não passa.⠀ ⠀ anoiteço árida,⠀ sinto estiagem de vida.⠀ ⠀ com sede de mundo,⠀ bebo a janela⠀ e sonho.⠀ Escrevi esse poeminha pandêmico sem querer querendo. Era pra ser um poema sobre uma janela pra um curso de escrita, e enquanto vomitava as palavras saiu a constatação que pulsava aqui dentro: venho sentindo estiagem de vida. Mais de sete meses de isolamento e não estamos ainda num "pós-pandemia", como alguns dizem por aí, mas o esgotamento tá batendo. Tem quem esteja sufocado por ter a vida limitada a pouco mais que quatro paredes; tem quem não possa se isolar e esteja exausto da tensão pelo risco da contaminação. Quem continua levando o vírus a sério tá cansado. E infelizmente o danado do vírus não cansou da gente. Eu vinha lidando relativamente bem com o não-viajar. Há anos não ficava sem viajar por mais de um mês, já que explorar lugares é parte importante do meu trabalho e da vida que venho me esforçando pra construir pra mim. Mas tava encarando tudo como um parênteses, um hiato temporário muito além do meu controle. E continuo pensando, claro, que é algo muito mais importante do que eu enquanto indivíduo e que o coletivo vem em primeiro lugar. Só que esses parênteses estão se alongando tanto que às vezes, confesso, tenho medo de esquecer quem era antes que a frase-vida se interrompesse. Tem a saudade de conhecer pessoas novas, de descobrir outras paisagens e culturas, coisa e tal. Mas principalmente de me sentir livre. Saudade de quem sou quando tou por aí, viajando sozinha. Da felicidade plena que senti pela última vez deitada na cama de um trem da Índia, no que parece ter sido outra vida. E além disso, tem o dilema profissional: como falar de viagens enquanto o turismo tá voltando, mas os cuidados com o coletivo ficam a cargo da consciência de cada um, muitas vezes questionável? Como lidar com o tema de forma responsável sem fingir que as pessoas não já estão viajando e sem deixar de pagar minhas contas? Tenho tateado a situação aos poucos, contando também com os feedbacks de quem me acompanha. E, claro, usando e abusando da terapia pra entender meu lugar nisso tudo e o lugar disso tudo em mim. De concreto mesmo, pouca coisa. Escrevi um post no blog sobre como viajar com segurança na pandemia e em breve vou passar uns dias sozinha num kitnet numa praia pertinho de casa. Tou num misto de emoções por algo que, em tempos "normais", seria tão prosaico. Já fiz até a lista do que vou levar na mochila e das comidas que vou cozinhar! A ideia é ficar lá trabalhando, curtindo minha companhia (importante pra quem divide apê em plena pandemia) e me reconectando com aquilo que ficou fora dos parênteses. Depois conto como foi! Dicas exclusivas pra viajar sem pagar por hospedagem Mas e quem não tem grana pra alugar uma casa ou apê e se isolar na praia ou no mato? Uma alternativa que alguns amigos têm escolhido é trocar trabalho por hospedagem em lugares mais tranquilos Brasil afora. Assim, conseguem ficar no mesmo destino por um período longo, evitando deslocamentos constantes, de forma econômica e divertida. Se essa ideia parecer interessante pra você, tenho uma novidade e um convite: criei um canal no Telegram pra dar dicas práticas e mais pessoais sobre viagens de voluntariado através da plataforma Worldpackers (que costumo chamar de work exchange). Já faz um tempo que ofereço 10 USD de desconto na plataforma com meu cupom JANELASABERTAS, mas consegui um acordo maroto pra disponibilizar descontos especiais pra quem fizer parte do grupo! É só ir nesse link pra acompanhar as novidades: https://t.me/janelaswp Abri minhas janelas e vi Telegram(as) Falando em Telegram, tenho começado a usar esse app mais ativamente há pouco tempo e já virei fã. Curto acompanhar o canal Tira do Papel, que ajuda a produzir conteúdo mantendo a saúde mental (no Insta, @tira.do.papel); e os grupos Grifa Junto, do podcast de teoria feminista @grifapodcast, e Futuro Possível, da @futuropossivel. Me causa muito menos ansiedade que o Whatsapp, e quem entra "com o bonde andando" consegue ver tudo que já foi dito. :) Podcasts inspiradores Depois de um tempo sem ouvir podcasts (já que costumava reservá-los pra deslocamentos, hoje quase inexistentes), voltei a esse universo e tenho escutado muita coisa boa! Daquelas conversas pra ouvir com papel e caneta na mão, anotando vários pontos, sabe? (Ou será que eu sou aloka que faz isso sozinha? :P) Recomendo os episódios Por que é tão difícil ver a arte como profissão? do "Profissão: artista", Simplicidade voluntária do "Coemergência", Estar presente é um presente e Sororidade e dororidade, do "Bom dia, Obvious", Crie seu projetinho viável do "Podcrê", esse papo sobre trabalhar com o que se ama no "Conversas para um mundo em espera" e o Como ser sua versão mais autêntica do "Abrindo Caminhos", projeto em que tou trabalhando como freelancer. Também participei de um podcast esse mês como convidada, falando sobre relações mais saudáveis com as redes sociais no episódio Vamos normalizar o unfollow?, do "Tem dias que". Leituras transformadoras E uma das minhas maneiras de ficar longe de telas de vez em quando e driblar a sede de mundo é beber mais e mais livros. Esses foram os últimos que me abriram as janelas e recomendo: Sociedade do cansaço: curtinho e repetitivo, mas importantíssimo pra quem internalizou as ideias de produtividade e autocobrança que a sociedade nos impõe, como euzinha aqui (tem resumo no destaque "Questionar" lá no Insta); Fique comigo: da nigeriana Ayòbámi Adébáyò, esse me deixou grudadinha na tela do Kindle por dois dias até acabar, e além de envolver faz pensar muito nos impactos do machismo e na importância de ler mulheres negras; Essencialismo: primeiro livro vibes autoajuda que eu aplico de forma prática na minha vida ainda durante a leitura, ele tem me ajudado a identificar o que é realmente essencial pra vida que quero viver e eliminar o que não é (não que seja fácil!); A vida mentirosa dos adultos: meu primeiro livro da aclamada Elena Ferrante, esse fala de conflitos familiares, competição feminina, descoberta da sexualidade, e desse limbo entre não ser nem criança nem adulta. Tudo isso com uma sensibilidade ímpar pra descrever situações tão sutis quanto definidoras. E você? O que tem lido por aí e como tem lidado com a retomada do turismo? Me conta! Um abraço, Luísa | | | | |
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