"Seu marido vai deixar você concorrer?", Major Denice Santiago, pré-candidata à prefeitura de Salvador pelo PT, sobre reações que já ouviu à sua candidatura Em tempos de pandemia e confinamento, novembro pode parecer a uma eternidade de distância. É pra esse longínquo mês (nos dias 15 e 29) que foram jogadas as eleições de 2020. Mas, como a política é um dos jeitos de transformar a sociedade, a gente veio aqui te contar que não tá cedo pra começar a pensar nas eleições. Principalmente se você quiser ver mulheres eleitas e te representando nas instituições de poder. Hoje, a Câmara de Deputados tem só 15% de mulheres, e o Brasil conta com cerca de 12% de prefeitas. Pouco, né? Confere aqui algumas maneiras com que as mulheres estão buscando ocupar mais espaços na política: 1. Com campanhas. Nesta semana, o Instituto Free Free e o movimento Vamos Juntas, da deputada Tabata Amaral (PDT-SP), se juntaram para lançar uma campanha pela participação das mulheres na política. Bela Gil, Gabriela Prioli e Angélica são algumas das participantes do movimento. "Mulheres têm uma visão mais colaborativa, inclusiva e consciente na liderança", diz Yasmine Sterea, uma das líderes da ação. 2. Com dicas e aconselhamento. Tabata Amaral também lançou um livro recentemente em que fala sobre o que a levou à luta por mais mulheres na política. "Eu queria muito que alguém com experiência na política tivesse me dito que iam me tratar diferente porque era mulher. Saber disso faz com que a gente consiga destruir as barreiras internas", disse em entrevista a Universa. 3. Combatendo o racismo. Se conquistar um espaço na política é difícil para as mulheres em geral, é ainda mais para as mulheres negras. Racismo, falta de apoio familiar e de financiamento são alguns dos problemas que elas enfrentam. "A maior quantia [da verba dos partidos] vai para as loiras de olhos azuis, para as que são consideradas mulheres bonitas, porque, com dinheiro, elas vão ter mais tempo para aparecer na televisão e mais atenção dos eleitores, na lógica do partido", diz Cidinha Raiz, que em 2018 foi a primeira negra a disputar o Senado em SP, pelo MDB. Mas as mulheres negras vêm encontrando também maneiras criativas de driblar esses entraves, como mandatos coletivos. 4. Botando a mão na massa. Mesmo sem se interessar em concorrer a cargos (apesar de cotadíssima), Patricia Ellen ganhou destaque no mundo político. Secretária de Desenvolvimento Econômico do governo de São Paulo, ela desempenha uma função estratégica em tempos de pandemia e está à frente do Plano São Paulo, de retomada da economia. "A mulher trata com mais naturalidade as emoções, e a gente busca uma solução para o coletivo", disse Patricia em entrevista pra repórter Camila Brandalise, aqui de Universa. "Esse traço de liderança feminina está sendo muito importante na gestão da crise durante a pandemia." 5. Não levando desaforo pra casa. Segundo um estudo recente feito com mulheres políticas da América Latina, 99% delas disseram já ter sofrido algum tipo de agressão por conta de gênero. Relatos do tipo aparecem em dez de dez entrevistas com políticas mulheres também aqui em Universa. Por isso, chamou a atenção nessa semana a reação da deputada Alexandria Ocasio-Cortez, do partido Democrata, dos EUA, após ser chamada de vadia e maluca pelo deputado republicano Ted Yoho. O deputado negou ter dito as palavras, mas pediu desculpas "pelo mal-entendido". Alexandria foi direta e reta na resposta: "Eu não vou ensinar às minhas sobrinhas e aos jovens que isso é um pedido de desculpas, nem que eles devam aprender a aceitar isso. Yoho se recusa a assumir sua responsabilidade." |
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