(Escrevi um conto novo, espero que gostem!) Essa mensagem é um alerta e um pedido de ajuda. Por favor, leia com atenção até o final. Pode parecer normal a extrema polarização que o mundo enfrenta hoje, com praticamente todas as pessoas se afastando umas das outras e brigando com quem discorda de sua opinião. Mas a verdade é que essa não é a natureza humana. O culpado pelos acontecimentos dos últimos anos é um vírus silencioso e muito potente. Ele não causa debilitação ou efeito colateral perceptível. Muito pior: ele simplesmente faz as pessoas brigarem quando se confrontam com opiniões diferentes das suas. Infelizmente, eu sou a única pessoa do mundo que sabe sobre esse vírus e essa mensagem é uma tentativa de informar sobre sua existência e encontrar pessoas que ainda não tenham sido contaminadas. Comecei meus estudos sobre o tema cerca de 10 meses atrás, quando me chamou a atenção a forma como as pessoas estavam se comportando aqui na minha cidade. Ao investigar um pouco mais, descobri que esse mesmo comportamento se repetia de cidade em cidade, de país em país. Como cientista, eu precisava fazer alguma coisa. Me tranquei em casa e desde então tenho evitado contato com qualquer ser humano. Peguei amostras de sangue e materiais do laboratório onde trabalhava e tenho virado noites para entender o que está acontecendo. Segundo minhas pesquisas, o vírus manifestou-se em lugares diferentes com uma pequena diferença de tempo, 2 anos atrás. Talvez pessoas viajando possam ter sido as causadoras desses irrompimentos, mas o fato é que não consigo precisar o ponto de partida. Por ser um vírus que faz as pessoas brigarem por causa de opiniões, também não era fácil perceber sua atuação. No início, as pessoas começaram a se separar por causa de temas amplos, tradicionalmente motivos de discussões e discórdias: ideologias, partidos políticos, religiões, opções sexuais, times de futebol, estilos musicais e por aí vai. Grandes bolhas foram formadas, cada uma delas englobando pessoas que pensavam de forma similar. Nada de anormal nisso. O que era estranho, e que demorei muito para perceber, é que as pessoas não estavam se reunindo somente com quem pensava como elas. Esses grupos também estavam evitando o contato com os outros grupos. O vírus gerava muito ódio e intolerância dentro de cada indivíduo, e o simples conviver com uma pessoa de pensamento diferente havia se tornado insuportável. Isso acontecia porque o vírus não julgava a grandeza ou importância de uma opinião, ele agia de maneira igual mesmo para temas mais banais. Por exemplo, pessoas que tiveram opiniões diferentes sobre um filme acabaram brigando. Assim como houveram confrontos motivados por uma opinião sobre uma roupa, sobre um objeto decorativo, sobre um logotipo, sobre uma foto. Qualquer dissenso gerava briga. Quanto mais as pessoas conversavam e trocavam informações, maior era chance de haver alguma discordância e o vírus fazer o seu papel: romper a relação de forma irremediável. Como nós somos seres complexos e a chance de duas pessoas concordarem com absolutamente tudo é impossível, não existia relacionamento imune ao vírus. Assim, famílias, grupos de amigos, colegas de trabalho, turmas de escolas e universidades, tudo ruiu a cada percepção nova de que uma pessoa não pensava como a outra. A sociedade que antes se dividia em grandes grupos ideológicos começou a se dividir em grupos cada vez menores. E, por causa de tantas brigas, esses ficaram ainda menores, até que chegamos em um ponto em que as pessoas não tinham mais com quem andar. Não havia mais companhia possível, já que todo mundo se considerava a única pessoa sensata existente. Munida de suas próprias respostas e sem aceitar a visão de nenhuma outra, cada pessoa virou uma ilha cercada por um oceano sem barcos. Essa é a situação onde nos encontramos hoje. Não existe mais vida em comunidade, as pessoas já não se falam, ninguém mais cuida de ninguém e a nossa espécie não sobreviverá se as coisas continuarem assim. Escrevo essa postagem na esperança de encontrar outras pessoas que não estejam contaminadas para pensarmos em formas de combater o vírus. Como a discordância de ideias sempre esteve presente na vida em sociedade, não é possível distinguir, apenas por essa métrica, uma pessoa infectada de outra sã. Uma pessoa pode realmente ser contrária a todas as ideias ao seu redor e ainda assim não estar contaminada. Difícil de acontecer, mas não impossível. Logo, a única prova de alguém estar livre da doença é a capacidade de mudar de opinião. A mudança de uma crença ou ponto de vista mostra que a mente da pessoa não está totalmente fechada, e isso é sinal de que o vírus ainda não a afetou. São essas pessoas que estou procurando. Todas as outras vão ler essa mensagem e desacreditá-la, refutando meus argumentos com seus próprios dados e teorias. Por isso, as perguntas abaixo são muito importantes. É um pequeno teste que pode ajudar nessa busca. Quando foi a última vez que você mudou de opinião? Você mudou de opinião nos últimos dois anos? Você mudou de opinião nos últimos 3 meses? Você mudou de opinião na última semana? Caso a sua resposta seja positiva para alguma delas, ainda pode haver esperança. Mande-me uma mensagem. Você não está só. Espero que gostem dos links. - Ao invés de Human Centered Design, que tal falarmos sobre Life Centered Design? - Chatbots at the end of the world: artigo interessante sobre como a indústria do Vale do Silício se mostra desconectada dos problemas que o mundo está enfrentando. - O belo exemplo da Ben & Jerry's sobre como uma empresa pode se aliar a causas sociais através da figura de um Activism Manager. - 3 dicas rápidas e práticas de como o estoicismo pode te ajudar a administrar suas emoções. - Mulheres negras recebem menos anestesia que mulheres brancas por causa do imaginário de que elas são "guerreiras". Que tal desconstruirmos essa expressão? - Quer construir uma palestra ou um curso? Talvez essa metodologia possa te ajudar. Terça, dia 4, às 20h, vou falar sobre Tempo Livre no meu insta. Vai sair a minha primeira live da vida. Apareçam lá ;) <3 |