Até aqui juiz de suas próprias decisões, o Facebook está para mudar. Depois de todas as desculpas dadas por Mark Zuckerberg quando alguma coisa deu errado na plataforma, a própria rede social criou um grupo para supervisioná-la. Não é pouca coisa. Afinal, a seleção de personalidades dirá quando o Facebook não foi tão bem ao aplicar as regras criadas pelo... Facebook. Eu falei com um deles, o advogado brasileiro Ronaldo Lemos. O professor da UERJ e um dos idealizadores do Marco Civil da Internet, a "Constituição da Internet do Brasil" já adiantou: "Eu não faço nada sozinho". O que rolou?Nesta semana, conhecemos as 20 carinhas do Conselho Supervisor da rede social e do Instagram. Apelidado de "Suprema Corte do Facebook", ele terá de Nobel da Paz a ex-ministro de Estado, tais como: A ativista iemenita Tawakkol Karman, vencedora do Nobel da Paz em 2011 por sua luta durante a Primavera Árabe... ... o advogado norte-americano Michael McConnel, professor de Stanford e frequente defensor de causas relacionadas à Primeira Emenda (que garante a liberdade de expressão nos EUA) na Suprema Corte... ... o ex-diretor-geral do jornal Guardian, Alan Rusbridger... ... a ex-primeira-ministra da Dinamarca, Helle Throning-Schmidt e... ... a colombiana Catalina Botero-Marino, conselheira do grupo pró-direitos civis Artigo 19 e ex-relatora de Liberdade de Expressão da OEA (Organização dos Estados Americanos).
Por que é importante?As várias visitas de executivos do Facebook ao Congresso dos EUA deixaram uma coisa bem clara: a rede social até passou a se virar bem em situações adversas. Essa habilidade evoluiu ao longo de anos tendo de explicar falhas de segurança, políticas comerciais duvidosas e uma mão ora pesada com o conteúdo de certos grupos, ora delicada com o de outros. Mas um problema sempre persistiu. Muito antes de nos preocuparmos com o império criado pelo Facebook e com a extensão de seu poderio financeiro por todos os recantos de nossa sociedade, o que nos deixava com a pulga atrás da orelha mesmo era algo mais simples. Por que estou vendo isso? Por que este post agressivo está no ar enquanto este outro foi retirado? Acho que, para bons perguntadores, essas questões continuarão em aberto. Ainda assim, os integrantes da "Suprema Corte do Facebook" poderão indicar melhores caminhos para a rede social criar abordagens que menos vão desagradar gregos e troianos - ou que desagradem os dois grupos na mesma medida. Não é bem assim, mas está quase láCom a criação do grupo, o Facebook toma um remédio para dois problemas. Engolir essa pílula de humildade significa que a rede social admite não poder solucionar tudo sozinha e que tentará, enfim, acabar com a treta que é gerenciar uma plataforma que abriga conteúdo sem querer assumir o papel de gestor de conteúdo. Aqui cabe uma reflexão. O primeiro desses problemas tem repercussões legais, afinal diversos órgãos públicos mundo afora estão de olho - ou estavam antes da pandemia - em uma forma de limitar os poderes das Big Tech. Se elas próprias criam formas independentes de minimizar seus conflitos, isso deve contar pontos. Já o segundo é algo tão antigo quanto a própria internet. O surgimento do primeiro fórum já trouxe a figura ingrata do moderador de conteúdo. Só que o Facebook foge ardorosamente desse posto. Como já diria Tio Ben a um imaturo Peter Parker, com grandes poderes vêm grandes responsabilidades. Talvez os novos supervisores mostrem isso ao Facebook. |
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