Alvos de ataques após decisões que desagradaram ao governo, os ministros do Supremo Tribunal Federal reagiram à ofensiva. Celso de Mello, relator do inquérito que investiga se o presidente Jair Bolsonaro tentou interferir na Polícia Federal, ressaltou a importância da autonomia entre os Poderes. “Sem um Judiciário independente, não haverá liberdade nem democracia”, disse ele.
A ministra Cármen Lúcia enfatizou o papel da Corte na defesa da Constituição, e Ricardo Lewandowski disse que o Judiciário “não se curva a nenhuma pressão externa”.
Em paralelo: o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, defendeu respeito às instituições e uma imprensa livre. “Nosso grande desafio é derrotar o coronavírus e vencer a gravíssima crise social e econômica, preservando a nossa democracia”, afirmou.
Aconteceu ontem: Alexandre de Moraes determinou que a Polícia Federal interrogue em cinco dias o ministro da Educação, Abraham Weintraub, sobre declaração em que defendeu a prisão de integrantes do STF. A Procuradoria-Geral da República também cobrou explicação do ministro por afirmação de que “odeia” o “termo povos indígenas” e “povo cigano”.
A Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) vai receber nos próximos dias ao menos dois pedidos de impeachment do governador Wilson Witzel (PSC), que foi alvo da Operação Placebo, da Polícia Federal, na terça-feira. Witzel é investigado em inquérito sobre supostas fraudes relacionadas a contratos emergenciais para o combate à pandemia do novo coronavírus.
Bastidores: há um entendimento informal na cúpula da Casa que um dos requerimentos será aceito e o processo seguirá para o plenário. O presidente da Alerj, André Ceciliano (PT), disse que a Assembleia “não ficará inerte, nem entrará em clima de guerra política”.
Entenda: um dos elementos que levaram à operação policial foi a descoberta de que o escritório de advocacia da primeira-dama do estado, Helena Witzel, recebeu, a partir do ano passado, R$ 15 mil mensais de empresa cujos sócios são ligados ao empresário Mário Peixoto, que está preso.
A Latam oficializou um pedido de proteção judicial nos Estados Unidos, Chile, Peru, Colômbia e Equador para reestruturar seus negócios, afetados pela crise do coronavírus. A Justiça brasileira não foi acionada — a empresa teria de desistir de receber ajuda do BNDES, com quem negocia socorro de R$ 2 bilhões . A Latam contabiliza débitos de US$ 10 bilhões.
Por que isso importa: a Latam é a segunda maior companhia aérea em voos domésticos no Brasil, com 162 aeronaves e 21 mil funcionários. O pedido de recuperação judicial deixou o governo federal em sinal de alerta e acirrou as divergências entre os ministérios da Infraestrutura e da Economia em relação a ajuda as aéreas no país.
O que está acontecendo: o setor aéreo brasileiro deve registrar queda pela metade das receitas com a venda de passagens. A crise afeta companhias de todo o mundo. A Avianca Holdings também pediu recuperação judicial. Na Alemanha, a Lufthansa receberá ajuda de US$ 9,8 bilhões.
Entrevista: o Brasil pode enfrentar um apagão aéreo, avalia André Castellini, sócio da Bain & Company e especialista em aviação. “Se deixarmos o mercado resolver, pode haver um desarranjo”, afirma, ao comentar ação do governo.
Em detalhes: o pedido não interrompe as operações da Latam no Brasil. Veja como a medida afeta os passageiros no país.
Nenhum comentário:
Postar um comentário