O presidente Jair Bolsonaro deu voz à reação do Palácio do Planalto à operação policial contra empresários, políticos e blogueiros ligados ao governo. Durante a manhã, ele defendeu os alvos da Polícia Federal, fez uma crítica velada aos ministros Celso de Mello e Alexandre de Moraes, ambos do Supremo Tribunal Federal, reclamando de decisão “quase que pessoal”, e disse ter chegado ao limite: “Estou com as armas da democracia na mão”, afirmou, sem especificar ao que se referia. À tarde, compartilhou vídeo de Moraes para criticar novamente a operação.
O governo já havia reagido com um gesto político, ao apresentar de um pedido de habeas corpus para os investigados e o ministro da Educação, Abraham Weintraub. A petição foi assinada pelo ministro da Justiça, André Mendonça, em gesto incomum, que recebeu críticas de ex-ocupantes da pasta.
Enquanto isso, no Supremo, o ministro Edson Fachin pediu ao presidente de Corte, Dias Toffoli, para levar ao plenário o pedido do procurador-geral da República, Augusto Aras, de suspensão do inquérito que apura as fake news, origem da operação de quarta-feira. Fachin também foi sorteado relator do habeas corpus de Weintraub.
Em paralelo: Aras se manifestou contra a apreensão dos celulares de Bolsonaro e do vereador Carlos Bolsonaro, filho do presidente, outro foco de tensão na relação entre os Poderes. E o Celso de Mello encaminhou à PGR ações que acusam ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, de crime de responsabilidade.
O que está acontecendo: a rejeição a Bolsonaro atingiu o maior patamar desde o início de sua gestão. Segundo o Datafolha, 43% dos brasileiros consideram o governo ruim ou péssimo. A pesquisa foi realizada após a divulgação do vídeo da reunião ministerial de 22 de abril. Veja outros dados do levantamento.
O Brasil voltou a registrar recorde diário de notificações de contágios pelo novo coronavírus. Foram 26.754 casos acrescentados à lista do Ministério da Saúde, que soma 438.238 contaminações. O país chegou a 26.471 mortes ligadas à Covid-19, sendo 1.156 registradas nas últimas 24 horas, o terceiro dia mais letal da pandemia até o momento.
Em detalhes: São Paulo tem o cenário mais grave da pandemia entre os estados, com 95.865 casos e 6.980 mortes. Apesar da autorização do governo estadual, a prefeitura da capital paulista só permitirá a reabertura do comércio e serviços após aprovação de protocolos setoriais de retorno às atividades, afirmou o prefeito Bruno Covas. O município começará a receber planos de entidades que representam os segmentos a partir do dia 1º de junho.
Enquanto isso, o Rio de Janeiro chegou a 4.856 mortos, número maior do que a China registrou na pandemia. O estado tem 44.886 casos de Covid-19 confirmados. Veja o mapa da pandemia nos estados.
Brasil passa a ser visto como um risco sanitário com aumento no número de infecções, e vizinhos começam a olhar para outros mercados para driblar crise
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