O Twitter comprou a briga mais previsível de todos os tempos. Classificar como "potencialmente enganosas" as publicações de Donald Trump e excluir posts vídeos de Jair Bolsonaro por infração às regras surpreende um total de zero pessoas. Afinal, os dois mandatários têm um compromisso muito flexível com a verdade. Mas, como estamos falando dos presidentes dos EUA e do Brasil, era de se imaginar que isso faria barulho. O que incomoda, no entanto, é o silêncio em relação à diferença de tratamento destinada aos dois mandatários, assim como a discrepância da repercussão entre outras redes sociais, como Facebook e Instagram. O que rolou?Nesta semana, a profecia mais autorrealizável de todos os tempos foi concretizada, e uma plataforma de mídia social indicou que mensagens de Trump não são lá muito dignas de confiança. Isso porque: O presidente dos EUA escreveu em dois tuítes que são fraudulentas as cédulas de votação mandadas pelo correio. Só que... ... especialistas já atestaram que esse tipo de votação raramente está sujeita a fraudes. Por isso... ... o Twitter tascou nas mensagens um aviso de que elas são falaciosas e incluiu um link para os fatos. É drástico, mas... ... a atitude em relação a Bolsonaro foi mais incisiva: removeu dois de seus posts, porque... ... as mensagens mostravam vídeos do presidente do Brasil cumprimentando pessoas em Sobradinho e Taguatinga. Acontece que... ... a prática contraria as recomendações da OMS de que o isolamento social deveria ser mantido para evitar a disseminação do coronavírus.
Por que é importante?À primeira vista, os gestos dos dois mandatários se assemelham. Sendo mais criterioso, Trump chega a cometer uma falta maior, afinal sua declaração é para lá de mentirosa. Bolsonaro, ao menos, estava sendo simpático. O problema é a consequência dos dois atos. O mandachuva norte-americano parece querer colocar em xeque o sistema eleitoral de seu país, que este ano irá ser usado para escolher o próximo ocupante da Casa Branca. Já a atitude de Bolsonaro incentiva outras pessoas a saírem de casa e se expor a uma doença que já ceifou mais de 25 mil vidas aqui no Brasil. O Twitter já vinha pavimentando o caminho para questões como essa. Assim que o coronavírus vírus uma ameaça mundial, a rede social alterou suas regras para deixar claro que publicações que afrontassem recomendações médicas sobre a doença não seriam toleradas. Reforçou que aquelas que convidassem as pessoas a correr riscos reais seriam penalizadas ainda mais duramente. Com isso, o Twitter abriu um precedente importante e mostrou o caminho ao Facebook, que também apagou posts de Bolsonaro. Não é bem assim, mas está quase láDessa vez, o mesmo não deve ocorrer com Trump. Mark Zuckerberg, CEO da Facebook, foi bastante assertivo quando o mal feito partiu do presidente brasileiro, em uma entrevista à BBC: Isso obviamente não é verdade e é por isso que a removemos. Não importa quem diga isso A respeito de Trump, o executivo preferiu ser cauteloso e afirmou que não cabe às redes sociais dizerem que é verdade ou não: Eu não acho que o Facebook ou plataformas da internet em geral devam ser árbitras da verdade (...) o discurso político é uma das mais sensíveis partes da democracia, e as pessoas deveriam poder ver o que os políticos dizem A declaração veio após Trump ameaçar as redes sociais com uma diretriz cujos efeitos ainda eram incertos nesta quinta (28). Ela, no entanto, só reforça uma posição que o Facebook vem convenientemente adotando quando se obriga a não fazer nada ou quando faz gestos grandiosos, como a implantação do Comitê de Supervisão. Na falta de reflexão melhor, deixo com vocês a resposta de Jack Dorsey, CEO do Twitter, a Zuckerberg: Isso não nos faz 'árbitros da verdade'. Nossa intenção é conectar os pontos de declarações conflituosas e mostrar a informação em discussão para que as pessoas possam julgar por elas mesmas. Mais transparência da nossa parte é algo crítico para que as pessoas possam claramente ver as motivações por trás da ações |
Nenhum comentário:
Postar um comentário