A Procuradoria-Geral da República pediu que a Polícia Federal tome o depoimento do empresário Paulo Marinho, que disse que o senador Flávio Bolsonaro teria sido informado antecipadamente sobre a Operação Furna da Onça. A operação revelou movimentação atípica de R$ 1,2 milhão na conta de Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio.
O pedido da PGR foi feito no âmbito do inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) que apura se o presidente Jair Bolsonaro tentou interferir politicamente na PF. Parlamentares da oposição também acionaram a Corte e se mobilizam para recolher assinaturas para criar a “CPI do Queiroz”.
Entenda: Marinho disse ao jornal “Folha de S.Paulo” que um delegado da PF procurou Flávio em 2018 para avisar sobre a deflagração da Furna da Onça. O alerta teria ocorrido antes do segundo turno da eleição presidencial. Segundo Marinho, a operação teria sido adiada para não prejudicar a campanha de Jair Bolsonaro. O relator da operação disse que não houve adiamento.
O empresário é suplente de Flávio no Senado e pré-candidato à prefeitura do Rio pelo PSDB. Ele está rompido com a família Bolsonaro. Marinho disse a interlocutores que tem como comprovar as acusações e pediu proteção policial ao governo do Rio.
Reação: Flávio Bolsonaro acusou o ex-aliado de inventar história para fortalecer sua pré-candidatura. “Tem interesse em me prejudicar”, afirmou, em nota. O vereador do Rio Carlos Bolsonaro defendeu o irmão nas redes sociais.
Em detalhes: Flávio exonerou Queiroz no dia 16 de outubro, antes do segundo turno da eleição. No mesmo dia, a filha dele, Nathalia, foi exonerada do gabinete de Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados. A Furna da Onça foi deflagrada em 8 de novembro. Um relatório do Coaf elaborado em janeiro de 2018 comprova que os investigadores detinham informações sobre movimentações de Queiroz antes da eleição.
Depois de passar Espanha e Itália no sábado, o Brasil está próximo de superar o Reino Unido na lista de países com mais casos de coronavírus. Ontem, o país alcançou 241.080 infectados — os britânicos contabilizam 244 mil — e 16.118 mortes. O alto ritmo de contágio deve tornar o Brasil hoje o terceiro país mais afetado pela pandemia.
Aconteceu ontem: Bolsonaro participou de novo ato em frente ao Palácio do Planalto, com aglomeração de pessoas. Ele estava acompanhado de 11 ministros de seu governo. Uma carreata lotou a Esplanada dos Ministérios para apoiar o presidente na defesa da retomada de atividades. Bolsonaro amenizou o discurso em relação ao Congresso e ao Judiciário.
No Rio, motoristas também fizeram carreata. A cidade, que chegou ontem a 2.715 mortes ligadas à Covid-19 e 22.238 infecções, teve movimentação intensa no Aterro do Flamengo, na orla de Copacabana e em outros pontos. No entanto, o índice de isolamento social aumentou em relação ao fim de semana anterior.
Outro olhar: além da saúde, Bolsonaro põe em risco a economia, avaliam especialistas. As escolhas que o presidente tenta impor ao país diante da pandemia terão efeitos contrários aos apregoados por ele. Veja quatro aspectos da crise.
Tanto na guerra quanto na pandemia, escolhas erradas nos levam ao pior dos mundos. Mas não adianta chorar
Viu isso?
Operação e demissão: Wilson Witzel trocou o secretário de Saúde do Rio, em meio a denúncias de fraudes na compra de respiradores.
Coletivo: entidades lançaram ação para mobilizar a sociedade civil e organizar resposta a autoridades por omissões e negligência na pandemia.
Prato vazio: sem aulas, ao menos sete milhões de crianças da rede pública de ensino do país deixaram de receber merenda.
Renda: a Caixa começa a pagar hoje a segunda parcela do auxílio de R$ 600, com prioridade para beneficiários do Bolsa Família.
Movimento fraco: contra perdas ligadas à pandemia, o governo revisará contratos de aeroportos e rodovias e pode permitir reajuste de tarifas.
Robôs em ação: uma série de perfis no Twitter replicaram mensagem idêntica em defesa da cloroquina contra a Covid-19, o que sugere automação para turbinar o assunto.
Sem proteção: anticorpo desenvolvido por quem contraiu a Covid-19 não garante imunidade à doença, indicou estudo da UFRJ.
Vírus na gestação: um bebê nasceu infectado com o coronavírus na Rússia. É o segundo caso conhecido no planeta.
Viés de baixa: a Espanha registrou 87 mortes por coronavírus no domingo. Foi o primeiro dia abaixo de 100 óbitos em dois meses.
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