O pronunciamento de Jair Bolsonaro na noite de terça-feira (24) aprofundou a crise política, ao realçar as críticas do presidente a alguns governadores, e realçou o conflito que ele mantém com a Globo desde os primeiros dias de governo, em 2019.
Em cadeia nacional, o presidente, inicialmente, acusou "grande parte dos meios de comunicação" de espalharem "a sensação de pavor" e "histeria".
Irônico, fez alusão a uma mensagem transmitida pelo "Jornal Nacional" na segunda-feira (23), na qual William Bonner e Renata Vasconcellos se dirigiram ao público falando da gravidade da situação, mas pedindo calma. "Percebe-se que, de ontem para hoje, parte da imprensa mudou seu editorial. Pedem calma e tranquilidade. Isso é muito bom. Parabéns, imprensa brasileira", disse o presidente.
Mais para frente, num ataque direto ao médico Drauzio Varella e à Globo, Bolsonaro disse: "No meu caso particular, pelo meu histórico de atleta, caso fosse contaminado pelo vírus, não precisaria me preocupar, nada sentiria ou seria, quando muito, acometido de uma gripezinha ou resfriadinho, como bem disse aquele conhecido médico daquela conhecida televisão."
Foi uma referência a um vídeo gravado em 30 de janeiro por Drauzio, quando não havia, ainda, uma pandemia, e o médico diz que nada justificava uma mudança nos hábitos da população. "Meu pai tem um trabalho na área de saúde por 40 anos, é muito chato vê-lo como alvo de disseminação de notícias falsas", lamentou Mariana Varella, que cuida das redes sociais de Drauzio.
Em seus telejornais, a Globo procurou mostrar que a proposta de Bolsonaro, de retomada de atividades escolares e do comércio, contraria recomendações da Organização Mundial da Saúde.
Na GloboNews, o comentarista Octavio Guedes criticou o pronunciamento do presidente: "Nós assistimos ao maior discurso de Napoleão de hospício da história da República brasileira".
E na manhã de quarta-feira (25), durante o programa "Combate ao Coronavírus", o apresentador Márcio Gomes reproduziu uma pergunta do "Jair, de Brasília": "Por que fechar as escolas?" A questão, retórica, havia sido feita pelo presidente no seu pronunciamento.
Os especialistas explicaram que crianças podem pegar a doença, mas permanecer assintomáticas e passar a covid-19 para idosos em outros lugares, por exemplo. As aglomerações que se veriam em salas de aula também facilitariam a disseminação.
A ver quais serão os próximos capítulos deste conflito. |
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