'A Humanidade diz: não tem como a gente parar tudo para reduzir as emissões de CO2, reduzir o aquecimento global e proteger o meio ambiente.
A Natureza responde: Toma aqui um vírus. Comece a praticar.'
Essa pequena anedota correu as redes sociais em forma de meme, a filosofia do século 21. As piadas carregam muito mais verdades do que queremos acreditar. Se por acaso você acabou de chegar de Marte, passe correndo no supermercado para comprar papel higiênico e tranque-se em casa para ler as notícias sobre um ser microscópico que fez os seres humanos desaparecerem das ruas do mundo inteiro. Todo mundo (literalmente) em casa. Escolas, shoppings e escritórios trancados, aeroportos vazios, países fechados. A economia em suspensão.
Eu queria falar sobre o impacto da crise do coronavírus no turismo, afinal aqui falamos de viagem. E viagem é um assunto que une gregos, troianos, mortadelas e coxinhas, que faz as pessoas se sentirem bem mesmo em meio ao caos. Mas o que posso eu falar, se tudo que eu disser amanhã já vai ser muito pior? O turismo parou, ponto. As companhias aéreas que ainda não decretaram falência estão cortando drasticamente o número de vôos. Os pontos turísticos mais visitados do mundo estão às moscas. Se ninguém quer sair de casa para comprar comida, imagina se alguém é doido de querer viajar agora. Viajar é muito perigoso.
No meio da crise global, aparecem algumas notícias boas, que dão um calorzinho no coração. 'Veneza voltou a ter peixes, cisnes, golfinhos….' Sinto muito, mas isso é tudo fake news. Mas sim, as águas de Veneza são as mais cristalinas em séculos. Animais estão explorando as cidades de onde foram expulsos há tanto tempo. A poluição do ar despencou nos centros urbanos. Principalmente na China. Orgias estão proibidas, mas pornografia está liberada - e grátis! Temos que achar a luz nas pequenas coisas em meio à escuridão.
Está provado que essa pandemia é uma petit vengeance da Mãe Natureza, e não um plano diabólico arquitetado no melhor estilo Guerra Fria. Estamos todos os 7 bilhões de pessoas juntos nessa enrascada, e precisamos de clareza e união para enxergar o panorama geral. Nós moldamos o mundo aos nossos métodos e medidas por séculos, milênios até, e acabamos com o que era - não tem outra palavra que exprima melhor - natural. Tudo em nome da economia, da riqueza, da prosperidade! De quem, mesmo?
De Nostradamus a Hollywood, já imaginamos a nossa própria extinção de diversas maneiras, mas sempre culpamos agentes externos. E enquanto lemos há 30, 40 anos, notícias sobre o aquecimento global, deixamos o capitalismo clássico sambar em poços de petróleo e pastos pecuaristas. 'The poor stay poor, the rich get rich', dizia a canção de Leonard Cohen. Até quando e a que custo?
Muitos especialistas preconizam que nada mais será o mesmo depois da pandemia. O distanciamento social veio para ficar. As economias mundiais terão que se reinventar. Chegamos ao ponto de ruptura que sempre prevemos mas nunca esperamos de verdade. Mas será que aprendemos alguma coisa com toda essa loucura? Será que vamos parar de viver a partir do medo como gostam (e estimulam) políticos populistas? Será que vamos entender que o capital humano é muito mais valioso que o capital financeiro? Vamos finalmente reconhecer que o único planeta que temos é esse daqui, e que estamos jogando ele no lixo?
Como diz o meme, isso que estamos vivendo é só um aperitivo do que a Natureza é capaz. Um amuse-bouche. Preparemo-nos para o prato principal.
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