Olar! :)
Vou confessar: quase mudei de última hora o assunto desse e-mail. Pra começar, tem a imensa estranheza de dizer assim, com todas as letras: "escrevendo um livro". E tem os questionamentos: será que não é cedo demais pra "anunciar"? E se der tudo errado? E se eu desistir? E se resolver adiar de novo? E se, e se, e se...
Mas nesse momento, falar de outra coisa parecia impossível.
Não que essa história seja uma novidade por aqui. A ideia nasceu em 2015, por sugestão de um amigo, enquanto eu dividia o tempo dedicado ao blog com o trabalho numa agência de publicidade no Recife Antigo. Amadureceu quando pedi demissão e passei boa parte de 2017 mochilando pelo Brasil e Europa. Ganhou seus primeiros arquivos no computador em 2018, entre o México e a Califórnia. Virou prioridade no meu planejamento de 2020, a ser executada quando voltasse da Índia. E aí vocês já sabem, né? Pandemia.
Passei os primeiros meses pandêmicos lendo um livro atrás do outro pra fazer pesquisa pra o meu. Enquanto isso, tentava ignorar a voz que me questionava: "qual o sentido de escrever um livro sobre viagens quando quase ninguém tá viajando?".
Acabei voltando o foco pra freelas e novos projetos, principalmente por razões financeiras. Até que me vi incapaz de calar outra voz aqui dentro, que gritava: "você está se sabotando".
Decidi, então, colocar um ponto final na fase de pesquisa e planejamento, que poderia muito bem ser eterna. Reformulei o índice, revi o tutorial do Scrivener (software maravilhoso pra quem escreve livros ou dissertações) e terminei de compilar todo o material que já tinha.
Quase caí da cadeira quando me dei conta: eram mais de 600 páginas no Word. Tudo precisando de muita edição, reescrita, várias coisas a acrescentar, informações pra checar, estilo a melhorar... Mas parece que, sim, tou mesmo escrevendo um livro.
Agora, o desafio é me acostumar com as novas vozinhas na minha cabeça. :P
Enquanto trabalho no livro propriamente dito, os divertidamente ficam doidos aqui dentro, um falando por cima do outro: "Vai ficar massa! Que orgulho", "Vai ficar péssimo. Que vergonha", "Talvez eu termine mais rápido do que imaginei!", "Nossa, vai demorar muito pra ficar como eu quero", "Que delícia escrever!", "Que inferno escrever"...
Mas seja "na força do ódio", como dizem os xovens, ou na força do amor, a partir desse mês minha prioridade é esse projeto tão sonhado. Vamos ver no que dá! Se você quiser atualizações sobre o processo de gestação do livro em e-mails futuros, me responde aí? :)
O que tem rolado no blog (e no insta)
Esse mês, publiquei posts gigantes e bem completinhos lá no blog Janelas Abertas: Como tirar um sabático, Como ser nômade digital e Conheça os principais tipos de intercâmbio. Tem algum outro assunto que você gostaria de ver transformado num "guia" desse tipo? Me conta!
Ah, e dei um tempo do Instagram do blog, por várias razões que posso comentar aqui no futuro. Mas antes disso, publiquei lá uns posts legais. :) Teve essa lista de clubes do livro com encontros online (tem mais opções nos comentários), essas dicas de livros sobre criatividade e minha recomendação do ótimo livro Se Quiser Mudar o Mundo.
Outras janelas que abri por aí
1) Essa matéria do The Guardian fala de uma mulher que criou um projeto no TikTok pra trocar itens com diferentes pessoas. Ela começou com um grampo de cabelo e foi trocando por outras coisas mais "valiosas", na esperança de conseguir uma casa (!) no final. O experimento obviamente é extremo e midiático, mas faz pensar no potencial das trocas, né?
Quantas coisas você tem sobrando em casa e poderiam ser úteis pra outras pessoas, que talvez tenham outras coisas que seriam úteis pra você? O mesmo vale pra serviços: será que uma habilidade sua não renderia uma permuta com alguém que oferece um serviço interessante pra você?
2) Esse post do escritor Austin Kleon (do best-seller Roube como um Artista) argumenta que "o primeiro passo para se tornar um escritor é se tornar um leitor, mas o próximo passo é se tornar um leitor com um lápis. Quando você sublinha, circula, anota suas perguntas e argumenta nas margens, você está existindo num interessante meio-termo entre leitor e escritor".
Eu já deixei de ter pena de riscar livros há tempos, e hoje odeio ler sem um lápis pra grifar e anotar. Adotei, também, outro hábito: quando vou presentear alguém com um livro que amo, faço grifos e comentários no exemplar que vou dar pra pessoa. Assim, sinto como se estivéssemos conversando. :) Você é do time "livro impecável" ou também prefere que o livro fique riscado e vivido?
3) Tenho falado cada vez mais de livros por aqui, né? Peço desculpas se literatura não é muito sua praia, mas essa tem sido minha principal janela pra o mundo no último ano. Por isso, adorei esse texto da escritora Bruna Kalil Othero que elenca 13 motivos pelos quais a arte e a cultura são vitais pra humanidade.
E os últimos livros que deixei cheios de grifos foram:
O maravilhoso Pequena Coreografia do Adeus, de Aline Bei, que retoma a prosa poética super envolvente do celebrado O Peso do Pássaro Morto (é de engolir em uma ou duas sentadas);
E A Mulher de Pés Descalços, que traz um retrato real dos conflitos que levaram ao genocídio do povo Tutsi em Ruanda (recomendo acompanhar a leitura com esses ótimos recursos compilados pelo Clube do Livro Fala Preta).
O que tá te abrindo as janelas pra o mundo por aí?
Um abracinho apertado virtual,
Luísa | | | | |
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