O governo de São Paulo e o Instituto Butantan anunciaram hoje que a vacina CoronaVac, contra covid-19, produzida em parceria com o laboratório SinoVac, apresentou segurança e eficácia suficientes para pedir registro de uso emergencial. A taxa de eficácia, porém, não foi divulgada, segundo as autoridades, a pedido do laboratório chinês, que revisará os dados antes que eles sejam encaminhados para a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). O órgão só deve receber a documentação em até 15 dias, quando analisará as informações e decidirá se aprova o uso do imunizante em território nacional. Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan, afirmou que o atraso na divulgação dos resultados da fase 3 de testes não interferirá no prazo de aprovação da vacina. O objetivo, disse ele, é que os dados sejam comparados a resultados de pesquisas em outros países, evitando que o imunizante tenha diferentes índices de eficácia anunciados. Apesar de não divulgar os números, o secretário estadual de Saúde, Jean Gorinchteyn, disse que a vacina atingiu "a superioridade de eficácia" exigidos "tanto pela Anvisa quanto pela OMS" — ou seja, acima de 50% nos testes clínicos. O diretor do Butantan afirmou ter conversado com a Anvisa sobre o assunto. As tratativas foram com Gustavo Mendes, diretor da área de estudos, que lhe fez um pedido: "Que avisasse com certa antecedência quando esses dados estivessem sendo disponibilizados para Anvisa, para que ele se preparasse para fazer a análise o mais rapidamente possível". Início da vacinação O governo de São Paulo marcou o início da vacinação para o dia 25 de janeiro, data que foi mantida apesar do atraso. "Todo planejamento com relação à vacinação continua igual", disse o secretário. "Nós temos a superioridade de 50%, o que dá a tranquilidade de podermos consagrá-lo no Programa Estadual. Governo federal vai comprar? Depois de muitas polêmicas públicas sobre a CoronaVac, o governo federal tem negociado com o Butantan para comprar doses da vacina. Um contrato praticamente fechado prevê 46 milhões de doses entregues em 3 vezes: 9 milhões de doses em janeiro, 15 milhões em fevereiro e 22 milhões em março. Outra negociação estima compra de mais 100 milhões de doses, que seriam entregues até o final do 1º semestre de 2021. O Ministério da Saúde não fez previsão sobre uma data para começar a vacinação. Mas de acordo com o PNI (Programa Nacional de Vacinação), a distribuição dos imunizantes ocorrerá em no máximo 5 dias depois que a Anvisa der o aval para qualquer vacina. Discussões e polêmicas A CoronaVac foi negociada e comprada diretamente pelo governador de São Paulo, João Doria (PSDB), o que gerou atritos com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que vê o tucano como possível adversário nas eleições presidenciais de 2022. O auge do embate aconteceu em outubro, quando o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, manifestou interesse em comprar a CoronaVac. No dia seguinte, Bolsonaro desautorizou Pazuello ao dizer que cancelaria o ofício assinado pelo ministro e que não compraria a vacina porque sua origem era chinesa. Após interrupção na fase 3 de testes por causa da morte de voluntário (não relacionada com a vacina), Bolsonaro chegou a comemorar a suspensão, escrevendo nas redes sociais que era uma vitória contra Doria. Dias depois, Bolsonaro afirmou que comprará qualquer vacina que for aprovada pela Anvisa. Apesar disso, tem feito campanha para que o imunizante não seja aplicado de forma obrigatório e também alertado para consequências graves da vacinação. Produção de doses Até o final deste mês, o Butantan vai dispor de 10,8 milhões de doses da vacina em solo brasileiro. Amanhã um carregamento com insumos para 5,5 milhões de doses desembarca no Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas. Três remessas anteriores garantiram 3,12 milhões de doses ao Butantan. O novo carregamento é formado por 2,1 milhões de doses já prontas para aplicação e mais 2,1 mil litros de insumos, correspondentes a 3,4 milhões de doses. Os carregamentos finais de 2020 estão previstos para os dias 28, com 400 mil doses, e 30, com mais 1,6 milhão de doses.
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