Oi, você! :) Como vão as coisas por aí? Atrasei mais uma vez essa newsletter; nem sei por quanto tempo, porque desisti de contar. Uma das tantas coisas que não deu pra fazer muito bem em 2020: lidar com o tempo de forma racional. Sem mais delongas, aqui estou! Última newsletter do ano, HO HO HO. Este e-mail contém: - Divagações fimdeanísticas e um spoiler
- Dica boa pra quem quer viajar em 2021
- Links pra dois textos excelentes
- Dicas de leitura maravilhosinhas
A culpa não é de 2020 Tá todo mundo doido pra que esse ano bizarro acabe, né? Eu mesma nunca quis tanto virar uma página no calendário (metafórico, no caso). Mas também nunca estive tão consciente de que a chegada de um novo ano infelizmente (bota infelizmente nisso) não vai servir de reset. Afinal, mesmo a chegada da vacina não vai ser uma solução mágica que nos deixe seguros e livres de imediato. E o fim de 2020 não vai apagar as dores de quem perdeu pessoas queridas, libertar o país desse catastrófico desgoverno, pagar as contas de quem perdeu o emprego... Não faz sentido culpar 2020, essa convenção artificial que inventamos pra organizar o tempo, mas a gente o faz mesmo assim porque precisamos de um bode expiatório, né? No fim das contas, o problema somos nós, serumaninhos. Mas apesar de tudo, também não vejo sentido em desistir da esperança. Acredito que é possível caminhar rumo a um mundo melhor e que não tem como fazer isso sem se cuidar, aprender e se conectar a outras pessoas. E não precisamos de uma data específica pra isso. "Se você assume que não existe esperança, então você garante que não haverá esperança. Se você assume que existe um instinto em direção à liberdade, então existem oportunidades de mudar as coisas", disse Noam Chomsky. O que você fez? Nas últimas semanas, comecei aquele tradicional processo de responder à pergunta de Simone: "então é Natal, o que você fez?". Peguei meu planner e fui olhando semana a semana, vendo as tarefas que concluí, o que foi adiado mil vezes e as coisas boas pelas quais agradeci. Não acredito em "lado bom da pandemia" dado o imenso custo humano desse evento histórico. Mas é claro que vivi coisas boas esse ano. E mais que isso: aprendi bastante. Trouxe pra rotina o hábito de escrever à mão num diário, algo que só vinha fazendo em viagens. E em muitos momentos de angústia, foram as palavras que me salvaram. Num caderno, desabafo, e o ritmo da caneta no papel me traz pra o presente. Depois releio e grifo o que não quero esquecer. Tem me ajudado a entender os principais aprendizados das viagens pra dentro por aqui. Também li muito mais (e melhor) que nos últimos anos. Parece que andei buscando jeitos de explorar outros mundos enquanto não dá pra viajar de forma livre e espontânea com segurança. Sei que muita gente sentiu o oposto: uma dificuldade maior que o normal pra se concentrar nas leituras. E tá tudo bem! Pra mim, a âncora foi a literatura. Pra você, pode ter sido outra coisa. E vivi algumas etapas de um processo importante: calar a impostora que existe em mim. Essa vozinha chata na minha mente que diz que não sou capaz de fazer arte e que o desejo de trabalhar de forma mais "autoral" é capricho. Semana passada, "pedi demissão" do freela fixo que vem pagando minhas contas nesse último semestre (se você não sabe, o blog é minha empresa e sofreu um bom baque esse ano, por razões óbvias). E, como fiz lá em 2016 ao deixar a CLT pra focar no blog, me organizei pra investir em projetos que pulsam aqui dentro e que (pausa pra tomar coragem pra escrever isso) penso que serão importantes pra outras pessoas também. Bate um friozinho na barriga, mas também alegria por me aproximar cada vez mais do que acredito. E é bom voltar a fazer planos, mesmo sabendo (agora melhor que nunca) que eles existem pra serem mudados. Spoiler: um dos projetos que quero tocar em 2021 já tá com a primeira edição prontinha, e em breve volto aqui pra contar mais pra vocês. :) Ah, esse ano montei minha primeira árvore de Natal fora da casa de mainha. Em vez de comprar decoração, penduramos tsurus de papel colorido. Que nos tragam saúde e sorte! Últimos dias de assinatura Worldpackers por 18 meses Já falei aqui sobre a Worldpackers, plataforma que conecta viajantes e anfitriões pelo Brasil e pelo mundo pra viverem experiências de viagem colaborativas, trocando trabalho por hospedagem. Gosto muito desse jeito de viajar não só porque é barato, mas principalmente porque permite viver experiências muito mais imersivas que um rolê turístico comum. Escrevo sobre o assunto lá no blog desde 2015 e aqui você encontra vários textos explicando como funciona esse tal de work exchange. Existem vagas em albergues e outros lugares com alta rotatividade de pessoas, o que particularmente não acho prudente nesse momento. Mas tem também oportunidades em cantos mais isolados, tipo ecovilas e ONGs, onde você convive com poucas pessoas por um período mais longo. Se quiser viajar pela plataforma no próximo ano, uma dica: faz a assinatura até o fim desse mês! É que a Worldpackers estendeu a validade do plano WP Trips de 12 pra 18 meses durante a pandemia, mas essa condição especial só vale até o final de 2020. Ah, e clicando aqui ou usando o cupom JANELASABERTAS você ganha 10 dólares de desconto e me dá uma pequena comissão que me ajuda a viver do que acredito. Abri minhas janelas e vi Imagino que você esteja saturada(o) de informações a essa altura do ano, então vou deixar só duas indicações de textos excelentes: Não existe turismo sustentável no Brasil, na Revista Gama: "As tendências de viagem trazidas pela pandemia — destinos naturais e isolados, próximos de casa —, aliadas ao contexto específico do turista brasileiro, ainda barrado em vários países e desanimado com a alta histórica do dólar e do euro, seriam uma ótima oportunidade para o Brasil desenvolver o turismo nacional, principalmente o de natureza. Mas as crises ambientais — do derramamento de óleo nas praias do Nordeste aos incêndios na Amazônia e no Pantanal — e a maneira como o governo Bolsonaro tem lidado com elas, negando os problemas e desmontando os órgãos de proteção, parecem nos levar para uma direção completamente oposta." Penso, logo resisto: como as cosmovisões de indígenas e afrodescendentes podem ajudar a construir uma filosofia brasileira, no Uol: "Quem são os selvagens: os que derrubam e queimam as florestas ou os que tratam as árvores e animais da mata como seus iguais? Quem são os primitivos: os que importam e acreditam na última teoria da moda ou os que observam seu entorno e estudam seu passado?" Pra lista de leitura de 2021 Falei que esse ano li mais e melhor que nos últimos tempos, né? Achei que seria egoísta da minha parte não dividir essas leituras com vocês. :) Entre os títulos que mais me marcaram em 2020, tem livros que me colocaram na pele de personagens reais ou imaginários, como Fique comigo, A vida mentirosa dos adultos, O filho de mil homens e Só garotos. Que me trouxeram de volta à poesia, como O livro das semelhanças e Meu quintal é maior do que o mundo. Que me ajudaram a acreditar que um futuro melhor é possível, como Alternativas sistêmicas e Se quiser mudar o mundo. Que me ensinaram muito sobre racismo e branquitude, como Memórias da plantação, Eu e a supremacia branca, O avesso da pele e Olhos d'água. E que me fizeram rever alguns pontos importantes na minha forma de encarar a vida, como Essencialismo, Sociedade do cansaço e Sobre a arte de viver. "Havemos de dezembrar. Dizia eu. Faltava pouco para o fim do ano. Era o meu pai, nos tempos de maior conversa, que o pedia. Depois de cada dificuldade, esperava que dezembrássemos todos. Que era prometer que chegaríamos vivos e salvos ao fim do ano, entrados em janeiro, começados de novo. A resistir", disse Valter Hugo Mãe. Um abraço virtual, Luísa | | | | |
Nenhum comentário:
Postar um comentário