Nos últimos dias as notícias de que novas variantes do coronavírus surgiram no Reino Unido e na África do Sul fizeram o mundo todo se questionar: e as vacinas que estão praticamente prontas para o uso ou já estão sendo utilizadas em alguns países? Para começar, é importante explicar que mutações são comuns a todos os organismos, e seus efeitos variam de acordo com a frequência em que ocorrem e a capacidade do organismo de corrigi-las. O coronavírus que foi detectado pela primeira vez em Wuhan, na China, não é o mesmo que você encontrará na maioria dos cantos do mundo. Ainda não há um número "certeiro" de quão mais infecciosas podem ser essas variantes —a princípio, elas parecem infectar mais crianças e jovens. Inclusive ainda há dúvidas se essa versão é realmente mais infecciosa. Importante dizer que também não há evidências de que a variante seja mais mortal, disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, mas governos e pesquisadores estão monitorando a questão. Mas e as vacinas?De bate-pronto e com a pouca informação que se tem, os especialistas acreditam que elas ainda vão ser eficazes contra o coronavírus. Pelo menos por enquanto. Soumya Swaminathan, cientista-chefe da OMS, diz acreditar ser "altamente improvável" que a mutação descoberta no Reino Unido as inviabilize. As vacinas foram desenhadas para gerar anticorpos para regiões grandes da proteína S, ou a proteína inteira, e algumas mudanças no vírus não devem ser problema, conforme explica Natalia Pasternak. No entanto, isso precisa ser mais bem investigado. Se for o caso, e a mutação prejudicar o reconhecimento do vírus por anticorpos, cabe lembrar que esta não é nossa única resposta imune, talvez nem a mais importante, e que vacinas como a da Pfizer, da Moderna, e as vetorizadas, provocam uma boa resposta celular, que é outro braço do sistema imune, menos suscetível a esse tipo de engano. Ao longo de sua trajetória, o coronavírus ainda está "testando" diferentes combinações de mutações para infectar humanos de maneira adequada. Mas logo a vacinação em massa colocará um tipo diferente de pressão sobre o vírus, porque ele terá que mudar para infectar as pessoas que foram imunizadas. Se isso impulsionar a evolução do vírus, talvez tenhamos de atualizar regularmente as vacinas, como fazemos anualmente com a gripe sazonal, para manter o ritmo. Ou seja, ainda temos um longo caminho a perseguir em 2021. Saúde e muita ciência a todos nós!
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