O pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro desencadeou uma crise pública entre o Palácio do Planalto e os governadores do país. Pela manhã, Bolsonaro acusou os chefes do Executivo nos estados de fazer “demagogia barata” com a adoção de medidas restritivas contra a pandemia de coronavírus. Em seguida, trocou acusações com o governador de São Paulo , João Doria, em videoconferência que incluiu Wilson Witzel (Rio de Janeiro), Romeu Zema (Minas Gerais) e Renato Casagrande (Espírito Santo). À tarde, governadores debateram a crise política. Líderes dos nove estados do Nordeste anunciaram que vão manter as medidas e cobraram a liderança de Bolsonaro.
Memória: há um mês, quando a Itália registrava 17 mortos, o primeiro-ministro Giuseppe Conte, preocupado com a economia, contestou o fechamento de escolas e do comércio. Estabelecimentos comerciais voltaram a abrir. Quando as mortes começaram a subir, o governo decretou quarentena obrigatória. Era tarde: o país se tornou o epicentro da pandemia e já tem 7.500 mortos, o dobro da China. Conte pediu, hoje, que todos os países sejam rigorosos contra a Covid-19.
Ao atualizar o número de mortes para 57 e o de contágios para 2.433, o Ministério da Saúde anunciou que vai liberar a partir de sexta-feira 3,4 milhões de unidades de cloroquina , medicamento para malária que poderá ser usado em pacientes graves de coronavírus. O governo elaborou um protocolo — o remédio precisa ser aplicado em hospital e monitorado por médicos — e alertou que a substância não pode ser usada como prevenção, nem é indicada para sintomas leves. Cientistas ainda realizam pesquisas para comprovar a eficácia do medicamento no combate à Covid-19.
Panorama no Brasil: as regiões Norte, Nordeste e Sul registraram as primeiras mortes relacionadas à pandemia. Pernambuco, Amazonas e Rio Grande do Sul têm um óbito cada. São Paulo concentra os casos fatais (48) e de contaminações (862). O Rio tem seis mortes e 370 pessoas infectadas. Veja o mapa do contágio no Brasil.
Outro olhar:a Covid-19 avança mais depressa no Brasil do que a maioria das previsões indicava . Cientistas alertam que o vírus se propaga mais rapidamente do que se projetava há 20 dias em São Paulo, no Rio e em Brasília — as três cidades são eixos da disseminação da infecção para outras partes do país. Enquanto isso, uma pesquisa na Inglaterra estima que os casos notificados no Brasil representam apenas 11% do número real de contágios no país.
Panorama nos EUA:os Estados Unidos chegaram a 60 mil casos de coronavírus e se aproxima do cenário da Itália, com 70 mil contágios. Nova York continua sendo o foco de infecções mais grave, com metade das notificações da doença no país. Mais de 800 pessoas morreram.
Mobilização global:a ONU apresentou um plano humanitário para ajudar países mais vulneráveis à pandemia. A organização pediu ajuda para formar um fundo de US$ 2 bilhões, que financiará iniciativas em nações da América do Sul, África, Ásia e Oriente Médio. O Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional também pediram aos credores um alívio na dívida de países pobres.
Socorro nos EUA: o Congresso e a Casa Branca chegaram a um acordo sobre pacote de US$ 2 trilhões para ajudar trabalhadores, pequenos negócios e corporações durante a crise global.
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