Bom dia!
A quarta-feira foi um ponto de inflexão na semana dos investidores. Não porque a superquarta tenha causado qualquer surpresa, já que as decisões de juros dos EUA e do Brasil vieram exatamente como previsto. É que, até então, o mercado sabia exatamente para onde olhar – da crise da IA à decisão de juros, é como se houvesse apenas um assunto por dia nas rodas de investidores.
A quinta-feira começa com o oposto disso. Na Europa, Alemanha e a Zona do Euro divulgaram resultados preliminares do PIB do quarto trimestre de 2024. E o que os números mostram é que as crises políticas tanto em terras germânicas quanto na França causaram estagnação da atividade no final do ano passado. O PIB alemão caiu 0,2%; o francês, 0,1%. No acumulado do ano, o bloco econômico avançou 0,7%.
Os Estados Unidos também divulgam hoje a primeira leitura do PIB do ano passado, sob a sombra da decisão do Fed de pausar os cortes de juros por lá.
Nos EUA, há ainda a repercussão dos balanços de Meta e Microsoft. Ontem, as duas companhias voltaram a defender os investimentos massivos em inteligência artificial, num esforço de garantir a liderança nesta nova fronteira tecnológica. No começo da semana, a divulgação de uma IA chinesa brutalmente mais barata e igualmente eficiente abalou os mercados. Os papéis da Microsoft caem, enquanto a Meta avança no pré-mercado. No fim do dia, a Apple divulgará os seus números de 2024.
Os futuros americanos amanhecem em alta, mesmo sinal sustentado pelas bolsas europeias – que ignoram a desaceleração da atividade por lá. O EWZ, o fundo que representa as ações brasileiras em Nova York, também sobe.
Enquanto isso, o Brasil lida com três divulgações importantes: o IGP-M, o Caged e o resultado primário do governo. O IGP-M não é uma medida de inflação oficial e perdeu sua relevância na economia quando parte dos contratos de aluguel deixou de ser corrigido pelo indicador. Ainda assim, ele captura antes do IPCA a alta dos preços no atacado, especialmente quando há choque de câmbio. Historicamente, disparadas no IGP-M acabam aparecendo meses adiante na inflação oficial.
E isso é importante porque, na quarta, ao subir a taxa de juros brasileira para 13,25% ao ano, o Copom subiu suas previsões para a inflação para a faixa de 5%, em linha com o que o mercado financeiro vinha apontando.
Por outro lado, o Caged deve mostrar como o mercado de trabalho vem reagindo às altas de juros. E, por fim, o resultado primário do governo deve recolocar na pauta a discussão sobre a sustentabilidade das contas públicas – e a necessidade de juros elevados no país. Bons negócios.
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