Eu tenho essa mania de querer botar tudo que eu faço, na minha vida profissional, dentro de um projeto: de um nome, de uma estratégia, de uma duração, de um plano para o futuro. Gosto da ideia de criar um padrão e repetir esse modelo no longo prazo. Não sei se são os vááários virgens no meu mapa natal, se é um aprendizado da publicidade (onde tudo precisa ser uma campanha com início-meio-fim) ou se é simplesmente o jeito que me ensinaram a fazer as coisas. Eu adoro desenhar. Meu primeiro projeto paralelo criativo e que abriu portas para todos os outros era um blog de tirinhas, o Tiras Toscas, nascido em 2009. Toquei ele por uns 3 anos, até cansar do formato e lançar o Braga Comics, que durou até 2017. Ambos nasceram somente quando eu já tinha entendido e definido como eles seriam como “projeto”. Só postei a primeira tirinha de cada site depois de definir estilo do desenho, temáticas, periodicidade de postagem e fazer algumas tirinhas-teste. Pensando agora que eu conheci o universo dos quadrinhos lendo a página de tirinhas do jornal da minha cidade, faz sentido eu sempre olhar para essa prática como um trabalho de longo prazo, com certo padrão a ser seguido. Todas as tirinhas do jornal eram de artistas que faziam por anos praticamente a mesma coisa. O mesmo estilo, o mesmo humor, os mesmos personagens. Eu parei de desenhar tirinhas por alguns motivos, entre eles tendinite crônica e vontade de querer usar o tempo investido nelas em outros projetos criativos. Mas o principal fator foi cansaço do formato. Me sentia preso ao tipo de tirinha que fazia, e quando tinha ideias diferentes as descartava por não seguirem o modelo preestabelecido. Pois bem, desde 2017, quando postei minha última tirinha, tive várias ideias de cartoons que eu poderia ter feito, mas fui sempre travado pela falta desse novo “projeto”. Como vão ser minhas novas tirinhas? Qual estilo de desenho vou fazer dessa vez? Vou continuar no nonsense ou ir para outros estilos de humor? Vou postar de quanto em quanto tempo? Qual é o nome dessa nova série de desenhos? Percebem a armadilha que eu me meti? O motivo que me fez cansar mais de uma vez do mundo das tirinhas era o mesmo motivo que me impedia de desenhar novamente, coisa que amo fazer. Por mais que eu admirasse Laerte, Maurício de Souza, Bill Watterson e Fernando Gonsalez, eu não sou esse tipo de artista. Eu nunca vou ter a mesma série de tirinhas por 30 anos. Eu me canso das coisas, gosto de começar coisas novas e mudar. E tá tudo certo com variar seu estilo, não ter periodicidade e brincar com diferentes formatos. Se é assim que a minha criatividade flui, simbora. Infelizmente eu demorei muitos anos para perceber isso e entender o tipo de artista que eu sou. E que essa mania de transformar qualquer ideia em um projeto em potencial era um trava criativa. Esse processo não foi solitário e contou muuuito com o apoio da minha maravilhosa esposa, sempre do meu lado me incentivando a tocar as coisas pra frente. Agradeço também à incrível Mari Pelli e sua arteterapia, cuja dinâmica feita na imersão da Shoot até hoje ressoa dentro de mim. Acredito que hoje estou curado. Liguei o foda-se para o planejamento futuro e fiz aquilo que gosto apenas pelo prazer de fazer. Sem saber se vai durar, se vai ter uma tirinha número 2, se vai ser colorido ou em PB, se vai ter um nome, se comecei hoje algo que vai durar 30 anos. Sabe-se lá o que pode acontecer. Só sei que voltei a desenhar.
Oie. Meu nome é Luciano Braga. Sou realizador de diversos projetos criativos nas áreas da comunicação, comédia, ficção e impacto social. Boto minha energia em iniciativas que desafiam minha criatividade, que empoderam pessoas e que deixam um legado positivo no mundo. Quer me conhecer? Vem no meu Instagram. |
sexta-feira, 31 de janeiro de 2025
Links do mês #106 e o que me fez voltar a desenhar
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