Bom dia!
A mão pesada do governo chinês se fez sentir pela primeira vez desde que Pequim anunciou regras mais rígidas para negociações em bolsa. Nesta terça, o índice CSI 300 subiu 3%, o melhor pregão desde 2022, enquanto o principal indicador em Hong Kong, o Hang Seng, avançou mais de 4%.
Isso porque o Xi Jinping continua a discutir um pacote de intervenções para deter a queda das bolsas chinesas, que já levou a uma destruição de mais de US$ 7 trilhões em valor de mercado desde o pico atingido em 2021. Uma das medidas, por exemplo, é barrar o short selling, quando um investidor aposta na queda das ações – e ganha se de fato isso ocorrer.
A crise, você sabe, tem explicação nos fundamentos da economia chinesa. O país ficou prorrogou ao limite as medidas de Covid-zero. Quando a flexibilização ocorreu, o consumo não voltou na mesma medida. Há ainda a crise da contrução civil, cujo maior símbolo é a agora falida Evergrande. As previsões de crescimento do PIB agora indicam avanço de 4% ao ano, ante os 6% do período pré-pandêmico.
Parece haver um esforço do governo em deter a sangria para evitar uma piora no sentimento da população, que retroalimentaria uma cautela nos gastos e a desaceleração no PIB.
A subida das bolsas asiáticas é uma ilusão. O verdadeiro indicador da atividade chinesa mostra que o problema persiste: o minério caiu 0,63% em Dalian. O petróleo opera perto da estabilidade.
Na Europa, a supresa veio da Alemanha. O país registrou um salto de 8,9% nas encomendas à indústria no mês de dezembro, isso quando comparado a novembro. Economistas esperavam queda. A maior economia do continente tem cambaleando com a combinação de alta nos preços de energia, desde a guerra na Ucrânia, somada aos juros elevados para conter a inflação. Apesar da surpresa positiva, o Dax, o principal índice da bolsa de Frankfurt, é o único europeu a recuar nesta manhã.
Para além das influências globais, a Faria Lima vai cansar de repetir "banco central" nesta terça. Vamos lá: às 8h, o BC divulga a ata da última reunião do Copom. Ali, investidores buscam as explicações para que a queda da Selic continue ocorrendo de 0,50 p.p. em 0,50 p.p. Pouco depois vem o Boletim Focus, com as expectativas do mercado para juros e inflação – o dado está atrasado por mobilização dos servidores, em campanha salarial.
Cinco minutos depois saem os dados de crédito e inadimplência, informação crucial para traçar a capacidade de gasto dos consumidores e a saúde da economia, isso em um período de endividamento elevado, fermentado pela Selic de dois dígitos.
Para selar o efeito BC, Roberto Campos Neto fala no evento do BTG Pactual às 9h da manhã.
Superado o BC, haverá ainda muita tensão com Brasília, que volta do recesso parlamentar em uma disputa sobre o controle do Orçamento e a reoneração da folha de pagamento.
Isso enquanto Nova York falha em dar uma direção para os mercados: os futuros do Nasdaq sobem, os do Dow Jones caem, e o S&P 500 troca de sinal ao redor do zero a zero. A notícia positiva é que o EWZ avança coisa de 1,5%. Bons negócios.
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