Um novo tipo de Fiagro (fundo que investe nas cadeias produtivas agroindustriais) está chegando ao mercado. Diferente de boa parte da indústria, que investe em CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio) indexados ao CDI (Certificado de Depósito Interbancário e principal indicador da renda fixa) ou IPCA (inflação), o Fiagro KDOL11 será o primeiro da categoria atrelado ao dólar. O produto será negociado na Bolsa de Valores brasileira, a B3, com cotas a partir de R$ 100 e deve pagar dividendos mensais em reais isentos de Imposto de Renda. Para os analistas, é mais uma chance de o investidor diversificar o seu patrimônio em moeda forte e com a vantagem de ter rendimentos frequentes e não tributados. O produto estará disponível para todo tipo de investidores, incluindo pessoas físicas. O fundo será gerido pela Kinea, casa que já possui experiência no agro. Atualmente em oferta pública, o KDOL11 busca captar pelo menos R$ 1 bilhão para chegar à Bolsa. O prazo para comprar as cotas é até o dia 15 de março. Para participar da emissão, o investidor precisará desembolsar no mínimo R$ 1.000 para adquirir 10 cotas. Já quando estrear, será possível comprar cotas individuais. O UOL Investimentos teve acesso a fontes próximas da oferta e traz os detalhes do novo fundo. Também apresentamos a avaliação dos analistas sobre se vale a pena investir no Fiagro. Veja a seguir: Como irá funcionar o Fiagro KDOL11?Onde o Fiagro vai investir? Em empresas exportadoras grandes e robustas. Assim, o risco de as empresas não pagarem dívida é baixo. A ideia é não ficar preso a apenas um segmento do agronegócio e sim ter uma ampla diversificação. Como o fundo irá pagar aos acionistas? Fiagro vai empresar dinheiro com vários modelos diferentes, mas alguns deles devem ter pagamento de juros mensais. A dívida das companhias será determinada em dólares, aos quais será fixada uma taxa de câmbio, assim o valor quitado mês a mês será convertido em reais. O fundo terá duração indeterminada? Enquanto a maioria da indústria de Fiagros trabalha com prazos indeterminados, o KDOL11 terá duração de sete anos. Isso significa que o fundo vai financiar as empresas exportadoras que deverão pagar suas dívidas até esse período. Pagará dividendos por sete anos e, a a partir do quinto ano, o fundo começará a devolver também o patrimônio principal aos investidores, corrigido pela variação cambial do período. E qual será o retorno? A meta é entregar um retorno de variação cambial (US$) mais 5% ao ano. Os dividendos serão pagos aos investidores em reais, já convertidos, e não terão cobrança de imposto de renda. É importante lembrar que essas projeções podem variar conforme o cenário. Qual será o efeito do dólar na valorização do fundo? Embora o fundo seja exposto à variação cambial, uma fonte consultada pela reportagem destaca que o dividendo não deve apresentar muita oscilação de um mês para o outro. O efeito da variação cambial será fortemente sentido na devolução do valor principal aos cotistas. O KDOL11 terá taxa de administração de 1,30% ao ano e não haverá taxa de performance. Para quem é este Fiagro? Embora seja um produto disponíveis para todas as pessoas físicas, o Fiagro deverá atrair investidores que busquem uma proteção do seu patrimônio em dólar no longo prazo e que entendem o risco da exposição à variação cambial. Qual é o risco de perder dinheiro? Por se tratar de renda variável, o retorno não é garantido. Há risco de dívida e de variação do dólar. Mas uma simulação da gestora mostra que historicamente o dólar se valorizou frente ao real. Um estudo com dados de 2010 até 2023, revela que o retorno histórico da moeda, acrescido da taxa de 5% ao ano foi de 464,7% (13,3% ao ano). Enquanto outros indexadores tiveram retornos bem menores, o CDI (244,7%), IPCA (123,5%) e Ibovespa (81,2%). E é uma boa para investir?Consultados pelo UOL Investimentos, analistas que acompanham o universo dos Fiagros apresentaram as suas opiniões sobre o novo produto. Danilo Carvalho, analista de fundos listados da consultoria Tio FIIs, destaca entre as vantagens a diversificação da carteira, com exposição ao dólar e ao agronegócio de forma simplificada por meio da Bolsa de Valores. Ele também cita a oportunidade de receber renda mensal isenta. Já entre as desvantagens, o analista aponta que o fundo terá custos maiores, por conta da conversão dos pagamentos das empresas ao real. Com isso, as taxas podem ser maiores do que o praticado no mercado. Os dividendos mensais podem até ser interessantes, mas não serão o foco principal. Rodrigo Medeiros, analista de FIIs e fundador do Desmistificando Research, acredita que os dividendos pagos pelo KDOL11 devem ser baixos, e não corrigidos pelo CDI ou a inflação. Medeiros estima que o fundo não entregue dividendos elevados, mesmo em cenários com dólar alto não deve ocorrer grande oscilação. O investidor deve entender onde está aplicando seu dinheiro, para não correr o risco de vender com prejuízo. Pode sofrer alguma instabilidade. Por ser indexado ao dólar, Bruno Viveiros, analista de fundos da Warren Investimentos, acredita que o Fiagro deve ser mais volátil, do que aqueles expostos ao CDI ou IPCA. O analista também aconselha aos investidores analisar se as dívidas das empresas estão expostas a commodities."O investidor vai ter que enxergar o fundo como uma posição para ter o benefício da diversificação de patrimônio", avalia Viveiros. O olhar deve ser para o longo prazo, porque no curto o analista acredita que a moeda americana deva entrar em uma tendência de baixa, diante da proximidade de queda dos juros nos Estados Unidos. |
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