Muita coisa já se falou sobre o caso de racismo envolvendo o jogador do Real Madrid Vini Jr., de 23 anos. Opinião não falta: do elogio pela postura de denúncia à tentativa de minimizar o ocorrido durante a partida que começou, permaneceu e terminou aos gritos de "macaco" por parte da torcida espanhola [em vídeo] - antes deste, outros nove casos de racismo contra ele foram registrados na Espanha, cuja formação histórica dá caminhos para entender tais comportamentos. Vini Jr. fez denúncias ainda em campo e usa ativamente as redes sociais. Fruto de um país em que organizações e intelectuais negros provocam o senso comum para de fato extinguir a ideia de democracia racial, o jogador ergue não só a sua voz, mas os punhos de vários parceiros de campo como Paulinho e Rodrygo, além do apoio de personalidades, entidades e autoridades políticas. O que Vini Jr. passa hoje, no entanto, mesmo depois de alcançar status, fama, dinheiro e plano de carreira em uma das profissões mais almejadas do mundo, é a mesma chacota que ele muito provavelmente escuta desde a infância. Toda criança negra, menos ou mais retinta, sentiu a dor pelo constrangimento causado pelo outro por ter a cor de pele que tem - até mesmo no simples gesto de comer uma banana no intervalo da aula. Mesmo que Vini Jr. não seja o primeiro a denunciar o racismo dentro de campo, com a repercussão de seu caso e a forma como ele vem debatendo o problema, mães, pais e responsáveis poderão mostrar aos seus filhos que um jovem negro retinto, com todos os seus fenótipos negróides, do cabelo crespo ao nariz largo, fez autoridades políticas nacionais e internacionais exigirem respeito a ele. Afinal, como bem disse Emicida, chamar alguém de "macaco" é tentar tirar sua humanidade. Mesmo vivendo em um mundo onde ainda debatemos o limite do humor a partir da dor de escravizar uma pessoa e aplicativos que simulam a escravidão serem elogiados; ter vozes como a de Vini Jr. ajudam a comprovar às crianças negras que é possível trilhar caminhos de combate ao racismo, e que este caminho nunca será individual, mas coletivo - como sempre bem pontua a filósofa Sueli Carneiro. Leia mais: *** DECISÃO... A Justiça do Rio negou pedido da defesa de dois acusados do assassinato do congolês Moïse Kabagambe, em janeiro do ano passado, e manteve a prisão preventiva deles. FAMA... Ludmilla, Naldo, Kanye West: veja artistas que mudaram de nome como The Weeknd. APP... Hospedado na Play Store, o jogo "Simulador de Escravidão" tem causado revolta por provocar jogadores a brincar de comprar, vender, castigar e até receber prazer de pessoas escravizadas. Após a reclamação de vereadores, deputados e pesquisadores, a empresa retirou o game do ar. |
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