CW#93 - Sobre números e históriasDados e otimismo, Factfulness, threads de Twitter que valem a pena, memórias de viagem e Portinha ArtoisFiquei duas semanas sem escrever por motivos de viver em 2021, e também por umas merecidas mini-férias. Nesse meio tempo, aqui no pesadelo chamado Brasil atingimos a triste marca de meio milhão de mortos pela Covid-19. Você já deve saber disso e, se não sabe, tá precisando trocar o remédio. Enfim, muito já se falou e eu não posso acrescentar nada de relevante a esse lamento eterno que vivemos. Na imprensa, nas redes sociais e em todo lugar somos lembrados o tempo inteiro que esses 500 mil mortos não são um mero número, mas sim 500 mil histórias que chegaram à última página do livro. Números são conceitos abstratos que nos ajudam a lidar com o luto porque eles apagam nomes e rostos. Números são coisas forma, cor ou cheiro que podemos empilhar infinitamente até formar um muro alto suficiente para não enxergarmos mais o inferno. Mas se eles nos revelam o tamanho da tragédia dessa pandemia, os números também podem nos ajudar também a enxergar além do nosso restrito horizonte e quem sabe ganhar um pouco de perspectiva da realidade e esperança no futuro. Um laboratório de dados, com apoio do Banco Mundial e de colaboradores no mundo inteiro, criou uma ferramenta interativa que compara dados de toda a população do planeta. Então, colocando ali seu aniversário e local de nascimento, você tem acesso a informações bem interessantes. Eu, por exemplo, sou mais velho que 65% da população do mundo. Segundo as estatísticas, eu devo viver até 13 de março de 2061 (já pus na agenda, just in case). Também aprendi que cerca de 277 mil pessoas fazem aniversário junto comigo. Se alguns dados são legais mas inúteis, outros podem ser bons para abrirmos os olhos. Se viver no Brasil tem sido um desgaste constante, podemos pelo menos sentir o alívio de saber que estamos num país onde a expectativa de vida é mais alta que a média mundial. Eu vou, por exemplo, viver mais estando no Brasil do que na Argentina, Colômbia, África do Sul, Hungria, Polônia ou Rússia. Mas devo viver menos que em lugares como Equador, Omã ou Argélia (nem preciso falar da Europa Ocidental e América do Norte). Vai lá perder um tempinho brincando com o mapa mundi. Um pouco mais profundo e esperançoso, o livro Factfulness, do médico sueco Hans Rosling, ganhou no ano passado uma tradução para o português e pode ser uma ótima leitura para esperar a pandemia acabar com um pouco mais de leveza. O subtítulo já diz tudo: O hábito libertador de só ter opiniões baseadas em fatos. Sabe dizer quanto a vacinação aumentou a expectativa de vida nos últimos 100 anos? Quantas meninas terminam a escola em comparação com os anos 1950? Ou quanta gente saiu da pobreza extrema nos últimos 30 anos? Isso tudo e muito mais está lá, explicado de maneira objetiva e otimista. A verdade é que somos diariamente bombardeados com dados em sua maioria negativos, o que torna nossa percepção das coisas um tanto pessimista. Tanto que o próprio Rosling conta que em um questionário sobre dados mundiais, chimpanzés tem uma taxa de acerto maior que jornalistas, professores e vencedores do prêmio Nobel. O livro nos propõe a criar o hábito redutor de stress de ter opiniões baseadas em fatos concretos. No oceano de opiniões vazias - ou mentirosas - dos dias de hoje, esse é um belo dum bote salva-vidas. Falamos de números, agora falemos de histórias. No último mês, duas threads no Twitter fizeram sucesso por contarem histórias lindas que começam com a morte. Na primeira, um homem visitando o túmulo de seu pai acaba envolvido nas vidas das pessoas enterradas em volta, e acaba mudando completamente sua vida por causa de completos estranhos. Na segunda, uma freira faleceu depois de 33 anos vivendo em um convento carmelita em completa clausura. Quem conta essa história é um de seus 10 filhos! E ele não que julgar sua mãe por suas decisões polêmicas, ou trabalhar o luto por sua morte. Ele só quer registrar uma vida absolutamente singular. Talvez quando tudo isso que estamos vivendo terminar, nós vamos ter força e clareza para contar e celebrar a vida dos tantos que se foram no último ano e meio. Contar essas histórias nos devolve um pouco o muito que foi perdido. Outra thread que vale a pena ler, contando uma história bem única de amor. A vida nunca para de nos surpreender. Quantas memórias cabem em uma foto? A Paola di Buono aproveitou essa (longa) temporada sem viagens para remexer no baú de boas lembranças de viagens de tempos mais fáceis. A Stella Artois criou um espaço gastronômico em São Paulo que junta a cozinha mágica da Ieda de Matos (do Casa de Ieda) com as histórias incríveis da Chapada Diamantina, onde ela nasceu. O Portinha Artois também tem menu especiais criados a 4 mãos, mentorias e incubadoras para negócios gastronômicos. Mas vai só até dia 18 de julho! Tá avisado. Que felicidade é ver tantos amigos se vacinando ao mesmo tempo. Continuem postando suas fotos de vacina! Logo sairemos disso! <3 Comentários, elogios, sugestões, críticas e conversas aleatórias, mande um email para nós: hello@chickenorpasta.com.br Se você gostou da nossa newsletter Chicken Wings, compartilhe com os amigos! |
sexta-feira, 2 de julho de 2021
CW#93 - Sobre números e histórias
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